terça-feira, 18 de setembro de 2018
TREINAMENTO ICMS básico & ST
Sou Contador e Professor do Ensino Superior. Sou apaixonado pela desconstrução das interpretações do mundo.
Esse blog é dedicado aos meus artigos publicados no Jornal do Commercio e na Revista Editor Fiscal.
REDE DE VIZINHOS PROTEGIDOS
Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 18 / 9 / 2018 - A342
A
causa maior do progresso de um povo não está tanto na questão econômica, mas
sim, na organização da vida social. Os Estados Unidos desde sempre conservaram
viva a chama da ordem civilizatória e da união de forças em torno dos seus
valores mais preciosos. O americano não é o tipo de gente habituada a reclamar,
reclamar, reclamar de tudo sem fazer nada. Eles partem imediatamente para a ação
quando se sentem ameaçados. É muito comum nos filmes hollywoodianos a cena de
pessoas levando um bolo ou uma torta para o novo vizinho. Por trás desse gesto
prosaico está o esforço de preservação do espírito de comunidade que no final das
contas visa reforçar o ideal de acolhimento e proteção. Outra característica
marcante do americano está na confiança depositada na instituição policial, que
é vista como um símbolo quase que sagrado. Na realidade, esse respeito se
estende para o funcionalismo de modo geral.
Infelizmente,
nós, brasileiros, estamos na contramão desse comportamento ianque. E, claro,
obvio, a consequência do isolamento se traduz numa sociedade fragilizada e
entregue por completo nas mãos da bandidagem. Somos um povo que só sabe
reclamar, reclamar, reclamar e mais nada. Não conhecemos o vizinho, não
integramos o clube da associação de moradores, não participamos das reuniões de
condomínio, nunca assistimos a uma sessão da câmara de vereadores ou assembleia
legislativa, não lembramos sequer em quem votamos na última eleição.
Por
conta desse permanente estado de insatisfação com tudo que gira ao seu redor, o
cidadão brasileiro acaba por hostilizar todo o universo público, incluindo a
instituição policial. Uma série de casos entristecedores invadem os noticiários
com reportagens extremamente danosas à imagem da instituição policial. O pior,
é que muitas matérias jornalísticas transmitem uma clara intenção de enxovalhar
o sistema de segurança pública, reforçando assim a desconfiança já presente nos
lares brasileiros de que polícia e bandido se equivalem.
Por
sorte, esse quadro desolador vem se modificando em várias regiões do país.
Muitas pessoas encontraram na organização social e na parceria com a Polícia Militar,
a solução para os seus problemas de segurança. O estado de Minas Gerais é o
grande paradigma quando o assunto é combate a ações criminosas que atormentam o
sossego das famílias.
O
grande trunfo na vitória contra a invasão de residências está na Rede de
Vizinhos Protegidos, que vem apresentando resultados espetaculares em locais
como o Bairro Bandeirantes, que está localizado na capital mineira. A
representante da associação de moradores disse que as famílias aprenderam a
conhecer o vizinho por meio do trabalho da Polícia Militar mineira. Ou seja, a
RVP resgatou o sentimento de comunidade, comum no passado, mas que foi
abandonado pela modernidade. Hoje, toda movimentação suspeita no Bairro
Bandeirantes é monitorada por uma rede de informantes atentos que não deixam
nada passar em branco. Há diversos casos de abordagem policial que ocorreu
minutos após o evento delituoso. A coisa é tão eficiente que um ladrão chegou a
comentar que o bairro era mal assombrado.
A
cidade de Manaus embarcou nessa experiência vitoriosa. A RVP já está funcionando
plenamente no Bairro Versalhes, que no primeiro ano do projeto conseguiu
reduzir pela metade o número de roubos e furtos. Ou seja, os moradores estão
integrados via whatsapp com um policial que participa do grupo. Desse modo,
toda movimentação suspeita é compartilhada no grupo que imediatamente aciona
uma viatura policial, a qual verifica a ocorrência em poucos minutos.
Na
semana passada houve uma reunião no Conjunto Augusto Montenegro para exposição
do projeto RVP, o qual foi brilhantemente apresentado pelo Tenente Celso Neto e
pelo Capitão Fernando Nogueira. No evento, foram abordados os detalhes da RVP e
também uma série de conceitos importantes sobre o espírito de comunidade. As
próximas reuniões irão tratar dos aspectos práticos de implantação do projeto,
como por exemplo, cadastramento dos vizinhos nos grupos de whatsapp, definição
das regras de conduta, policial de contato etc. Curta e siga @doutorimposto.
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terça-feira, 4 de setembro de 2018
PÂNTANO TRIBUTÁRIO
Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 4 / 9 / 2018 - A341
Mais
uma vez, a polêmica tributária dos dividendos ganha espaço na mídia nacional. O
presidenciável Ciro Gomes vem batendo nessa tecla. Anos atrás, o então ministro
Joaquim Levy atiçou gasolina numa chama que estava quase apagada, quando disse
que no Brasil se paga pouco imposto. Claro, óbvio, tal posicionamento causou
espanto em face do acachapante peso da carga tributária. Ele se referia à isenção
dos dividendos que faz a alegria dos magnatas tupiniquins, coisa que, além do
Brasil, só acontece na Estônia (países da OCDE).
Estudos
do IPEA em conjunto com a Receita Federal, apontam uma carga sobre rendas,
lucros e ganhos de capital na casa de 6,9% do total, contra 11,5% na média da
OCDE. A tributação total brasileira (empresa mais acionista) varia de 16,33% a
19,53% do faturamento no regime do lucro presumido, ou de 4,5% a 16,85% se
estiver no regime do Simples. Nos países da OCDE, a média taxativa total sobre
o lucro atinge 43,1%.
A
baixa tributação da renda brasileira é compensada na pesadíssima taxação do
consumo. Enquanto que nos Estados Unidos o percentual médio é de 4,5%, por
aqui, esse mesmo encargo passa de 900% em cigarros e produtos cosméticos, sendo
que, em média, metade do que consumimos é imposto. Até o modo de o brasileiro
ser informado da taxação traz consigo uma manha trapaceira. Isso acontece
porque o americano faz uma relação percentual entre produto e imposto (um,
separado do outro). Já, em terras tupiniquins, o consumidor faz uma relação da
parte com o todo (um, somado com o outro), que transmite a falsa informação de
que a média geral é de 50% quando na realidade é de 100%. Aliás, malandragem é
o nome daquele vírus instalado nas células nervosas do legislador brasileiro. Todos
os malandros dos morros cariocas seriam facilmente engolidos por qualquer
pessoa que trabalha na elaboração de normas fiscais.
Nossa
estrutura legislativa é abarrotada de políticos ricos e devedores de gratidão a
poderosos empresários. O Congresso tem uma histórica resistência para corrigir
as injustiças do nosso pervertido sistema tributário. O exemplo máximo está no
tal imposto sobre grandes fortunas, que há 30 anos aguarda regulamentação.
Outro exemplo da interferência dos ricos no poder legislativo está na
tributação de heranças, que na França pode chegar a 60% enquanto que no estado
do Amazonas é fixado em 2%.
Enquanto
o patrimônio e a renda dos milionários estão protegidos pela bondade oficial, a
dupla dinâmica Sefaz/RFB baixa o cacete na tributação da gasolina, da energia
elétrica, do telefone e de outros produtos consumidos pela população. 100% dos
esforços de todas as equipes legislativas são concentrados no consumo. Todo o
universo governamental desaba sobre o pobre do consumidor que já ganha uma
merreca e ainda por cima tem metade do seu parco rendimento confiscado pelos
agentes fazendários. Tantos despautérios normativos evidenciam a existência de
uma grave doença social que está matando o país por inteiro (ricos e pobres). A
vizinha Venezuela tem nos mostrado que quando o país quebra, a desgraceira não
poupa ninguém. O pior de tudo é que nós estamos na esteira dos desmandos
chavistas, com risco de acelerar esse processo com a vitória do Lula.
O
fato é que o conjunto da sociedade não pode deixar que o pior aconteça. Depois,
não adianta chorar o leite derramado, como aconteceu com o incêndio do Museu
Nacional. Aliás, essa tragédia histórica é uma gritante alegoria da nossa
realidade institucional. Mesmo porque, o povo brasileiro costuma fazer tudo
errado; ser negligente, alienado, irresponsável, imprudente e, depois que a
casa cai, começa a chorar e a se fazer de vítima no programa da Fátima
Bernardes. O que talvez esse povo precise, é de um incêndio social para
acordarmos todos da letargia e da estupidez.
Voltando
ao imbróglio tributário, qualquer modificação efetiva e substancial do nosso
sistema tributário só acontecerá mediante o esforço conjunto de toda a
sociedade, uma vez que o poder público jamais fará isso. A extinção da balbúrdia
tributária iria prejudicar a esfomeada e gigantesca máquina burocrática que
sustenta um vasto esquema de corrupção. Por trás de toda burocracia se esconde
uma bandidagem. E quanto mais confusa é uma norma, maior é a pilantragem do
órgão normatizador. Curta e siga @doutorimposto.
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