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quarta-feira, 14 de março de 2018

ICMS-ST, a solução que virou problema.



Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio  dia  14 / 3 / 2018 - A 326

O julgamento do Recurso Extraordinário 593849 (STF) favorável ao contribuinte receber diferenças de ICMS-ST do fisco estadual, provocou uma onda tsunâmica que vem abalando as estruturas dessa antecipação tributária. Não é pra menos!! Apesar da sua clara eficiência arrecadatória, essa modalidade de cobrança do ICMS já nasceu aleijada. A raiz de todo mal está na matriz conceitual do sistema. Na prática, o empresário enxerga o ICMS-ST como imposto incidente sobre compras e não uma taxação aplicável a vendas presumidas. Vejamos o exemplo amazonense do frango que paga 5% na entrada, encerrando a cadeia de tributação e vedando o aproveitamento de crédito. Nesse caso, pagou, morreu a parada; c´est fini. Contrariando o rito sumário da taxação frangolínica, a modalidade do ICMS substituição tributária compreende um vasto e complexo arcabouço técnico legal. E para embolotar o meio de campo, a redação da Emenda Constitucional 3/93 assegura a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. A decisão do STF sobre o assunto só ratificou o que já existia, municiando o contribuinte de sólidos argumentos para se insurgir contra as fazendas estaduais. O resultado desse imbróglio está sendo materializado num pandemônio de processos judiciais.

Para se desvencilhar da chuva de aporrinhações e prejuízos arrecadatórios, as administrações fazendárias estaduais estão correndo da sala pra cozinha, batendo a cabeça na parede para encontrar uma solução minimamente traumática e que ao mesmo tempo preserve a saúde do erário. O caminho encontrado pelo Estado de Santa Catarina foi o de retirar a maioria dos produtos da sistemática de ICMS-ST; algo parecido com as disposições da Lei gaúcha de número 15056, publicada no final de 2017. Com tanta gente se mexendo, a Sefaz Amazonas igualmente vem trabalhando na adaptação normativa da sua regulamentação sobre esse polêmico assunto.

Em vez de mexer no produto a Sefaz/AM preferiu mexer no Contribuinte. O novíssimo instituto GSER já chegou ao número 18. A Resolução GSER 1/2018 submeteu o primeiro contribuinte ao regime especial de apuração e recolhimento do ICMS. Isto é, a adoção do regime normal (débito e crédito) sobre o estoque de mercadorias que já pagou imposto via modalidade substituição tributária, significando assim que o ICMS deverá ser pago novamente. O levantamento de créditos para compensação obedecerá as disposições do artigo 117-A (RICMSAM). A Resolução GSER 4/2018 condiciona esse procedimento compensatório à homologação do Chefe do Departamento de Fiscalização. E como é fato sabido e notório, a Sefaz demora anos para homologar qualquer coisa. Sendo assim, os 19 contribuintes incluídos nas dezoito primeiras resoluções correm risco de hemorragia financeira pelo débito imediato, cujo respectivo crédito estará preso na gaveta do chefe da fiscalização.

Pelo andar da carruagem, mais e mais contribuintes continuarão ingressando nesse dito regime especial. Daqui a pouco tempo iremos viver uma situação bizarra, que é a seguinte: O varejista irá adquirir mercadorias de um estabelecimento excluído do ICMS-ST e no dia seguinte comprará os mesmos produtos dum comerciante não listado nas Resoluções GSER. O primeiro lote pagará imposto na revenda enquanto que o segundo, não. Isso acontecerá porque uma mesma mercadoria estará classificada em dois regimes tributários ao mesmo tempo, consequência dessa opção sefariana de enquadrar o contribuinte e não o produto no regime do ICMS-ST.

Se for para sair da substituição tributária, que saia então a mercadoria. A dificuldade de copiar os catarinenses está no Simples Nacional. Ou seja, ao desonerar o produto, o erário deixaria de arrecadar uma grana violenta de substituição tributária paga pelos contribuintes do Simples Nacional.

O fato é que a Sefaz está numa sinuca de bico. Tantos atropelos servem para evidenciar a urgente necessidade de se trabalhar seriamente um projeto viável e exequível de reforma tributária. Se o STF continuar sendo provocado pelo empresariado, é possível que novos abalos sísmicos venham a quebrar as anacrônicas estruturas normativas hoje vigentes. Curta Doutor imposto no Facebook.














terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O PODER DA SIMPLICIDADE

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Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 10/02/2015 - A200

Após sérios problemas circunstanciais o faturamento de setembro despencou 20%, provocando com isso um clima de consternação e desânimo. Em meio a expressões pesadas e falta de entusiasmo era preciso fazer algo com urgência. Foi assim que a contadora Antonete Osório lembrou que um dos clientes se destacou bastante na Fiat. Tanto, que hoje é dono da famosa Doceria Pimenta de Cheiro, fruto da sua brilhante atuação como vendedor de automóveis.
Fato consequente, a sra. Osório contactou esse ilustre cliente e o convidou para ministrar uma palestra motivacional para a equipe de vendedores. Do outro lado da linha telefônica, o sr. Patrick Dias retrucou afirmando não saber falar em público. A sra. Antonete argumentou que bastava a ele relatar sua trajetória vitoriosa e também enumerar as características do bom vendedor. E mais importante, contar para os ouvintes como ganhou tanto dinheiro na concessionária Fiat. Ou seja, de certa forma, revelar a receita do sucesso. Vai em cima, vai embaixo; puxa daqui, puxa dali, finalmente a proposta foi aceita.

O sr. Patrick atuou em duas frentes: Uma, através do seu memorável e performático desempenho na condução da palestra ministrada aos hipnotizados espectadores. Outra, em reunião privada com a sra. Antonete, onde delineou um conjunto de estratégias voltadas para garantir o sucesso do projeto. Dentre elas, agrupar vendedores de acordo com o histórico de cada indivíduo e posteriormente estabelecer metas diferentes para cada grupo. O novo paradigma se resumia a fazer o funcionário tomar gosto pelo dinheiro. E o motivo era muito simples. Cada meta alcançada gerava um substancial acréscimo ao salário, chegando a duplica-lo. A gerente da loja seria financeiramente recompensada se todos cumprissem sua cota. Os vendedores, individualmente, foram convidados para uma franca e esclarecedora conversa, onde foi dito que a empresa acreditava no potencial do seu time e que, juntos, seria possível concretizar expectativas vitoriosas.

Daí, pra frente, a perseguição das metas se tornou uma obsessão, com monitoramento diário e semanal, onde a ordem estabelecida era que todos se empenhassem no cumprimento da meta global. Ou seja, cada vendedor se sentia responsável pelo sucesso do grupo e não somente pela sua cota pessoal. A correria era violenta e com movimentação agitada em torno dos retardatários, sendo que os menos produtivos eram submetidos a um acompanhamento especial. Até a clientela percebia o alvoroço e por isso mesmo entrava na torcida junto com os demais. E, finalmente, diante do cumprimento da meta diária, a comemoração era tal que parecia final de campeonato. Até um funcionário indisciplinado da reposição, que faltava muito, insistiu por demais no pleito para trabalhar no salão. O pedido foi atendido, desde que ele cumprisse a meta mais alta. O rapaz virou bicho, fez por merecer e viu seu salário dobrar em pouco tempo. Além disso, se tornou um dos mais disciplinados e assíduos vendedores. Ou seja, esse rapaz tomou gosto pelo dinheiro e por tal motivo era certo que ele continuaria batalhando firme para manter o novo nível de remuneração.

Tanto trabalho e tanto esforço valeram a pena. E muito. Os meses de outubro, novembro e dezembro e janeiro último, foram marcados por um acontecimento inédito. Todos os 17 vendedores bateram suas respectivas metas nesse quadrimestre. Por exemplo, o faturamento de janeiro, historicamente mais fraco, cresceu 5% em relação a dezembro e 24% em comparação a janeiro de 2014. Em meio ao fraco movimento do comércio a loja vem se mantendo sempre cheia. Tanto, que foi objeto de destaque no Jornal O Liberal e também, pauta de uma reportagem da Rede Record, o que atraiu mais e mais clientes para o centro da capital paraense. Com tantos acontecimentos positivos se sucedendo a Festa Color está se transformando num modelo de sucesso empresarial. E tudo graças a uma prosaica iniciativa de alguém que não se acomodou diante dum quadro negativo. Em vez disso, se valeu da sua intuição para apostar, não em soluções tradicionais, e sim, no sr. Patrick, que se descobriu um grande palestrante e estrategista comercial. A sra. Antonete provou que a necessidade faz o sapo pular e mostrou também que soluções para problemas desoladores podem ser simples e de baixo custo.