Publicado no Jornal do Commercio em 09/07/2009 – A017
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Assim como o médico utiliza exames de laboratório para complementar ou confirmar observações de um determinado paciente e, por conseguinte prescrever o tratamento adequado, o administrador também necessita de relatórios acerca do estado de saúde da sua empresa para tomar medidas adequadas que leve a solução de problemas, melhoria de desempenho ou aproveitamento de oportunidades. No caso do médico, dificilmente haverá dúvidas quanto à veracidade das informações fornecidas pelo laboratório. Ou seja, sua posição é bem confortável em comparação ao administrador que muitas vezes é obrigado a trabalhar com dados inconfiáveis - aliás, esse é o grande drama dos capitaneadores de organizações econômicas. É fato recorrente e motivo de tormento de dirigentes dos mais diversos tipos de entidade a busca incessante pelo desenvolvimento de estruturas de controle interno eficientes e funcionais. Muito dinheiro é investido e muita paciência é consumida pelo estresse sem que resultados satisfatórios sejam alcançados.
Uma ferramenta de gestão extremamente eficiente e conhecida de todos, mas pouco utilizada é a contabilidade. Talvez o motivo dessa reduzida utilização seja a imagem distorcida que se formou na cabeça das pessoas sobre tal ferramenta. O contador é tido por muitos como um profissional que tem como principal função fabricar balanços que atendam às expectativas de redução de encargos tributários. Ou seja, assuntos contábeis e tributários são vistos como sinônimos um do outro. Mal sabem os desavisados que esse caráter fiscalista é consequência de um desvirtuamento desse maravilhoso instrumento gerencial. Ocorre também o fato de um ou outro administrador até compreender as potencialidades da contabilidade, mas por algum motivo particular temer que o seu banco de dados venha cair em mãos erradas e que agentes externos fiquem sabendo de todas as suas operações. A questão é que tudo tem um preço e cabe ao gestor decidir o que é mais vantajoso, se o obscurantismo ou a transparência. O obscurantismo pode camuflar as operações da empresa e facilitar a manipulação de relatórios, mas também pode fragilizar o controle interno deixando largas margens para ações escusas de um ou outro integrante do seu quadro funcional. Pode também impedir o gestor de saber o real estado de saúde da organização.
A transparência cria uma série de obstáculos para as ações de pessoas de má índole e desanuvia o ambiente, fornecendo ao administrador uma visão panorâmica dos processos internos. Dessa forma, os efeitos das decisões podem ser estimados com uma confortável margem de acerto. De novo, o preço dessa segurança é a honestidade com que a alta administração deve pautar suas ações - honestidade para com seus colaboradores, fornecedores, clientes, órgãos reguladores etc. Discursos dúbios e moral relativa tornam-se elementos descabidos nesse novo ambiente. A opção pela clareza dos processos e fluidez das informações é um passo essencial na utilização da contabilidade como instrumento gerencial de alta performance.
É recomendável que o administrador conheça bem os fundamentos contábeis, tais como a dinâmica da estrutura patrimonial e seus fluxos de informações. É importante também conhecer o mecanismo de funcionamento da contabilidade dentro de um sistema integrado de gestão ERP (Enterprise Resource Planning). O administrador normalmente encontra aplicações mais práticas quando utiliza a ferramenta contabilidade e sua natureza questionadora contribui para o enriquecimento dessa maravilhosa ciência. Daí, a importância do trabalho conjunto de administradores e contadores. Juntos, podem ir muito longe; podem desenvolver modelos administrativos eficientes, eficazes e efetivos. Quem tem a felicidade de chegar a esse estágio evolutivo de controle interno fica surpreso e maravilhado com as inesgotáveis possibilidades de eficiência gerencial.
Soluções existem e estão ao alcance da mão. Profissionais qualificados disponibilizam seus serviços aos interessados. Resta então fazer acontecer; refletir sobre a atual realidade do negócio, decidir sobre qual direção conduzir a empresa, avaliar suas potencialidades, reconhecer suas fragilidades etc. Enfim, raciocinar estrategicamente.
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