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Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 20/01/2015 - A198
Ter
a reputação manchada é o mesmo que rasgar um travesseiro de plumas ao vento. Dificilmente
se consegue reparar o dano sofrido de forma que a situação volte ao estado original.
Em alguns países a reputação do homem público é algo muito sério. Por exemplo,
tempos atrás a vice do Primeiro Ministro da Suécia perdeu o emprego por causa
da compra de chocolate com cartão corporativo. Aqui, tivemos o famoso caso da
tapioquinha, só que com desdobramento bem diferente; na realidade, o assunto se
transformou numa piada nacional de muito mau gosto. Algo bem característico de
uma republiqueta das bananas. Outro fato emblemático tem a ver com o quase
impeachment do Presidente Bill Clinton, consequência de uma brincadeirinha com
a estagiária Monica Lewinsky. E como não existe pecado do lado de baixo do
equador, o esporte favorito do nosso mais eminente político era traçar
ribeirinhas aos borbotões; fato tido por muitos como algo poético e folclórico.
Nesse rol de “poesias” entra também roubou, mentira e safadezas de toda sorte.
Tudo vira folclore e até enredo de escola de samba. Tudo é lindo e inspirador. Coisas
do Brasil.
Há
um trecho na Rua Lobo D'Almada que nenhuma mulher direita gosta de trafegar.
Pelo menos aquelas que acreditam em princípios morais tradicionais. Para
algumas delas o simples fato de passar em frente aos famosos estabelecimentos
culturais já depõe contra sua reputação. Agora, imagine ficar no local, esperando
para tomar um taxi. Ou então adquirir o hábito estar sempre transitando para
cima e para baixo em meio às prestadoras de serviços e seus potenciais clientes
que ficam conversando nas calçadas. Se por acaso um desses clientes encontrar a
filha adolescente lá dentro, mesmo que num canto, sozinha, seria capaz de cometer
uma tragédia. E se souber que ela é a trabalhadora mais famosa do pedaço, aí, sim,
o caldo engrossaria de vez.
Pois
é. Nossos políticos são verdadeiras donzelas de prostíbulo. Na visão da
sociedade todos são suspeitíssimos. Um ou outro transita para cima e para baixo
na Rua Lobo D'Almada, tropeçando na aglomeração de pessoas, enquanto que o
volume massivo está todo lá dentro, no meio da folia. Quando é flagrado pelo
pai, jura de pé junto que é virgem, moça, donzela, mesmo fazendo performances
em cima de mesas cercadas de bêbados. E se o flagrante envolver uma situação deveras
cabeluda ainda assim ele/ela nega o despudor, por mais explícito que seja. Nega
e continua negando sempre, mesmo debaixo de uma chuva de tabefes. Claro, óbvio,
que a reputação dessa moça vira fumaça, não havendo absolutamente nada que
repare o dano ou ninguém que acredite na manutenção da candura de menina moça.
Eis
a cena lamentável que assistimos todos os dias na televisão: O repórter
sicrano, ao vivo do Engatêmulos, entrevista o famoso fulano sobre o escândalo
bilionário da tal estatal. – O que o senhor tem a declarar sobre o pacote de
dinheiro deixado no seu endereço? Perdão!! Vou refazer a pergunta. O que a
senhorita, uma jovem de 14 anos está fazendo aqui, nesse ambiente? Eis que a
fulana responde. – Estava com sede e entrei para comprar um refrigerante. Algo
de errado com isso? O repórter insiste. – E aquele monte de homem que estava
amassando você? A garota fica indignada. – Eu exijo respeito. Sou moça donzela
e por isso mesmo nego veementemente essa sua acusação absurda etc., etc. Vou
processá-lo por desacato a autoridade. Tenho amigos que irão fechar as portas
da sua emissora mixuruca. Como você se atreve a atacar minha honra e a honra da
minha família!! Vou reclamar com minhas companheiras do Conselho de Ética, que
estão ali, jogando sinuca. Se for preciso, levarei o caso à suprema colega federal,
que acabou de me entregar esse refrigerante etc., etc.
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