Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 30 / 06 / 2020 - A404
A
pandemia da Covid19 chegou como um tsunami avassalador. Sua força destrutiva
revirou o cotidiano de muita gente, atingindo em cheio os trabalhadores da
iniciativa privada, especialmente autônomos informais e pessoas do mundo
artístico. O fato é que uma minoria de negócios está passando incólume por essa
realidade perturbadora, mas até esse pequeno estrato econômico não escapou das
preocupações que assombram o mundo atual. Ou seja, paira uma nuvem pesada sobre
mentes angustiadas quanto ao dia de amanhã; mesmo porque, grandes perdas já
desencadearam revisões de prioridades e ajustamentos de padrões sociais para
versões mais modestas. Basta observar o semblante abatido dos transeuntes
apressados que tentam agir normalmente em meio ao noticiário frenético e desolador.
Mesmo assim, os guerreiros continuam lutando bravamente pela sobrevivência,
matando um leão por dia para garantir o sustendo da família. Esse, é um lado da
moeda.
No
outro lado, há um contingente de cidadãos alheio ao fenômeno pandêmico da Covid19, que são os funcionários públicos. Esse pessoal, aparentemente segue
imune ao martírio dos particulares, já que seus gordos rendimentos são garantidos
em qualquer situação, mesmo que chova canivete ou que desabe uma hecatombe
nuclear. Estamos descobrindo que absolutamente nada é capaz de abalar o setor
público brasileiro, mesmo em face duma acentuada queda na arrecadação de
impostos. Se falta dinheiro, recorre-se ao endividamento crescente e infinito, mas
cortar na própria carne; isso, nunca. A face mais nojenta e sombria do setor
público está no descaramento de gastos escandalosamente acintosos, como é o
caso dos deputados do Distrito Federal que, nesses dias, mesmo confinados em
casa, consumiram gasolina suficiente para dar 40 voltas ao redor do globo
terrestre.
Além
da pornográfica patifaria dos funcionários públicos incendiários do dinheiro
dos impostos, estamos sendo solapados por uma chuva torrencial de proporções
homéricas, causada pela dispensa de licitações na compra de respiradores,
máscaras, insumos hospitalares etc. É uma farra nunca vista na história desse
país eternamente saqueado pelos agentes públicos de todas as esferas ou graduações;
concursados ou nomeados ou terceirizados etc. A roubalheira é sistêmica e cancerígena.
A
chuva de desgraças sobre os pagadores de impostos vem dissolvendo a inércia tão
característica da sociedade brasileira. Principalmente, quando esses impostos são
quase que totalmente consumidos pelo salário do funcionalismo. Parece que o
povão escravizado está acordando para a sua condição miserável e servil. Devemos
tudo isso à Covid19 que acentuou um quadro que muitos tentavam esconder. Agora,
os olhos da população estão voltados para o setor público e suas perucas
cacheadas e suas caras cheias de pó-de-arroz. Parece que vivemos uma era
imediatamente anterior à Queda da Bastilha. É bom lembrar que a Revolução
Francesa explodiu devido ao peso esmagador do Estado sobre uma oprimida classe obrigada
a financiar o luxo e a depravação dos “agentes públicos” da época.
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