Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 20 / 10 / 2020 - A414
Artigos publicadosUm
sofrimento comum permeia o trabalho das software houses e das firmas de
contabilidade. Trata-se da eterna dificuldade relacionada à compreensão e
aplicação prática das normas fisco tributárias. Houve um tempo em que pouca
gente observava o conjunto de controles burocráticos imposto pelo legislador.
Nessa época, comprava-se um software cheio de quesitos, onde se preenchia
somente os campos necessários para emissão de nota fiscal. Em vista disso, as profusas
telas com inúmeras configurações ficavam vazias. Com o aperto das
administrações fazendárias a coisa toda adquiriu uma coloração preocupante, uma
vez que o cabedal de parametrizações enigmáticas começou a oferecer risco concreto
quando não executadas corretamente. Desse modo, as codificações NCM, CFOP, CST,
CEST etc. passaram a ser cruciais no procedimento cadastral de cada produto. Cadastro,
portanto, é hoje o ponto de partida para construção duma gestão fiscal
eficiente. É onde tudo começa; é onde a trajetória fiscal apresenta um fluxo
seguro ou acidentado das operações.
Tantas
demandas carregadas de minúcias burocráticas exigem que a empresa abandone o amadorismo
e a improvisação. Mesmo porque, o tempo em que o contador ajeitava tudo passou.
Agora, a informação fiscal deve estar certa no nascedouro, que é o registro das
compras. Concomitantemente, as parametrizações das vendas também carecem de
ajustamento normativo. É bom lembrar que procedimentos cadastrais atabalhoados são
potenciais geradores de prejuízos não somente fiscais, mas também administrativos.
Identificar
as fragilidades operacionais é uma coisa; trabalhar na solução dos problemas é
outra bem diferente. É nesse momento que o gestor abre a caixa de pandora e
assim descobre as moléstias de uma burocracia infernal presentes na legislação
tributária. Também, é nesse momento que surge a dificuldade de contratar profissionais
capazes de destrinchar a gama de requisitos técnicos impostos pelas
normatizações fazendárias. A empresa que se engaja na missão de ajustamento
normativo descobre que o sistema foi feito para não funcionar; descobre um
universo conflituoso onde os próprios órgãos fazendários não sabem explicar as
normas que eles próprios criam. A empresa conclui que, se quiser trabalhar com o
mínimo de segurança, ela precisará contratar uma tropa de advogados para obter
uma carrada de pareceres jurídicos sobre variadas operações. E para entornar o
caldo de abominações, a empresa descobre uma extensa judicialização das normas fiscais,
atestando com isso a existência de duas fontes de regramentos: A legal e a judicial.
O ICMS, por exemplo, é um tributo extremamente judicializado, com decisões
contraditórias que desorientam o contribuinte por completo.
Toda
essa maluquice foi meticulosamente construída para desencorajar o ajustamento normativo
de quem quer que seja. Desse modo, cada um procura saídas criativas que
possibilitem a manutenção dos negócios. Os grandes empreendimentos aliciam
autoridades e os pequenos empresários adotam táticas de guerrilha fiscal. Todos
nós sabemos que a confusão normativa alimenta uma vasta e poderosa máfia
corrupta. Quando você não consegue uma resposta objetiva num órgão fazendário,
pode ficar certo de que o seu interlocutor quer te prejudicar.Mesmo
diante desse quadro nebuloso, a empresa deve insistir na profissionalização das
suas operações para assim minimizar os ataques dos agentes fazendários
maliciosos. E também, a organização dos cadastros concorre para um controle
interno mais acurado, além de melhorar o relacionamento com fornecedores e
clientes. A palavra de ordem é profissionalização, que advém de investimentos persistentes
em capacitação do corpo produtivo, que deve envolver todas as áreas,
principalmente, as que tenham relação com atendimento ao cliente. Duas outras expressões
mágicas desse rol de princípios administrativos são planejamento estratégico e gestão
tributária. Lembrando, que não somente grandes empresas fazem isso. As
pequenas, guardadas as devidas proporções, devem fazer a mesma coisa, mesmo que
de modo intuitivo. Até porque, planejar é um exercício de abstração. Curta e siga
@doutorimposto
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