Reginaldo de Oliveira
reginaldo@reginaldo.cnt.br
Publicado no Jornal do Commercio AM 17/05/2011
Artigos publicados
O intelectual marxista Leon Trotski afirmou que quando o cidadão apático desperta e daí por diante começa a participar ativamente da administração do país, logo adquire consciência do imenso poder que está em suas mãos; poder de fazer acontecer, poder de desarticular as putrefatas estruturas que oprimem os desamparados, poder de mudar o destino da nação. Há no site www.reginaldo.cnt.br/1968 um fantástico relato que ilustra muito bem essas questões. Era maio de 1968 na França, quando a reação de Daniel Cohn-Bendit à provocação do ministro da juventude culminou na expulsão desse aluno da universidade de Nanterre. Seus colegas reagiram em protesto acendendo assim o estopim que deflagrou a mais ampla revolução popular da história moderna, o consagrado MAIO DE 68.
Nessa época, a França vivia um momento de grande prosperidade econômica onde o Estado e a elite burguesa acreditava piamente que o tempo das revoluções populares tinha ficado lá no passado. Mal sabiam eles que por baixo da aparente calmaria da classe trabalhadora havia um crescente descontentamento que fermentava e se proliferava por todos os segmentos da sociedade. Os dirigentes achavam que a população estava mais preocupada com a manutenção dos seus empregos. Acreditavam que o povo era incapaz de se organizar, de lutar pelos seus direitos. E assim, com o poder das massas fragmentado era fácil neutralizar uma ou outra ação de rebeldia. Mas quando a nação inteira de trabalhadores tomou as ruas no mais fantástico e subversivo levante popular, o governo foi obrigado a desfiar um rol de concessões e por muito pouco o poder republicano não desabou de vez. Tanto que o então presidente Charles de Gaulle, pronto para abandonar o país, disse certa vez: “O jogo acabou. Em poucos dias os comunistas estarão no poder”.
Os fatos acima ilustram com propriedade as consequências das ações populares organizadas. É fato sabido de todos que existe uma onda de descontentamento que se estende de norte a sul do nosso país. Tal descontentamento é protagonizado pela classe docente que, desprezada por décadas pelo poder público, resolveu finalmente despertar e assim exigir respeito da sociedade. As ações ainda são muito tímidas e demonstram a grande fragilidade de qualquer movimento: a falta de articulação organizada. De qualquer forma é melhor do que a apatia vigente em décadas passadas. O professor se tornou mais consciente do seu papel na construção da nação e agora se encaminha para o centro do palco social. Também há uma grande mobilização da mídia em torno do assunto educação. Mas ainda falta muito por fazer.
O princípio da cidadania encabeça a nossa carta magna, demonstrando assim a extrema importância da participação ativa do cidadão na administração do país e envolvimento nas coisas públicas. Isso significa sair do acanhamento e mostrar para o mundo que os bonitões lá do topo da pirâmide social foram construídos pelo professor. De nada adianta criar secretarias entupidas de apadrinhados políticos para desenvolver projetos de melhoria da qualidade da educação. De nada adianta constituir ONGs voltadas para projetos educacionais, que muitas vezes só servem para encher os bolsos dos seus dirigentes. De nada adianta criar metodologias mirabolantes e esquecer de estabelecer um plano sério de carreira para o professor, de remunerar dignamente a atividade em sala de aula e as atividades de planejamento e correção de provas. Resumindo, respeitar o Educador. Tudo que for desenvolvido, tudo que for planejado será transmitido ao aluno pelo professor. Não é o secretário de educação que dá aula. Os alunos não querem saber de intelectuais e burocratas que criam teorias educacionais mirabolantes. Eles querem saber se o professor é capaz de lhe preparar para a vida pessoal e profissional. É isso.
Então, professores, o momento é mais do que favorável para revolucionar a nossa tão esmolambada Educação. Vamos livrá-la dos farrapos e vestí-la com roupas novas. Dispomos de uma espetacular ferramenta, que são os BLOGs da internet. Vamos usá-los então. Se cada professor se dedicar a expor suas idéias num BLOG, criar grupos de discussão, trocar experiências, criar BLOGS voltados para grupos de estudos, BLOGS de alunos, BLOGS de funcionários das secretarias etc., poderemos formar uma rede de conexões infinitas. Não nos preocupemos em escrever bonito. O importante não é a forma, e sim o conteúdo. Miremos no MAIO DE 68. Podemos sim, revolucionar a educação desse nosso Brasil.
Parabéns pelo ótimo Blog.
ResponderExcluirAri
Adorei, de novo! Estou me tornando repetitiva...
ResponderExcluirAssististe o vídeo do discurso da professora do RN? Fantástico, acredito que ilustre o que escreveste acima: atitude. Quando isto era possível? Está começando a ser e não podem,os nos calar mais.
Maria Helena