Publicado no Jornal do Commercio dia 17/01/2013 - A106
Artigos publicados
Administrar inteligentemente uma organização, de forma a explorar suas potencialidades e ao mesmo tempo interpretar as sutilezas comportamentais das diversas instâncias operacionais do negócio é o ideário perseguido por muitos administradores. É o que Alfred Sloan chamou de administrar com a força dos fatos. É o que esse brilhante executivo da General Motors fez na primeira metade do século 20, cujos concorrentes levaram décadas para compreender o
inovador
raciocínio desse, que é considerado o primeiro homem-organização. Sloan, que
administrou a GM no período de 1923 a 1956, tornando-a uma das primeiras
organizações empresariais realmente complexas, compreendeu que uma empresa não poderia desenvolver uma estratégia
impetuosa ou tomar iniciativas corretas sem se basear em fatos e “insights” de pessoas da organização. E todo esse
magnífico trabalho foi feito artesanalmente numa época desprovida da
parafernália tecnológica atualmente disponível no mercado. O que se observa nos
dias de hoje é um vasto leque de instrumentos gerenciais subutilizados, como se
sobrasse ingredientes, mas faltasse a “mão certa” para fazer o bolo.
O histórico das nossas práticas gerenciais é pontuado por um
variado rol de tentativas e erros. Desde aquelas salas recheadas de
datilógrafos até o início do uso do computador, muitas propostas milagrosas de
gestão eficiente se apresentaram em livros, palestras, vídeos etc. A alvorada
da informática foi caracterizada pela centralização do processamento da
informação nos famosos “mainframes” (a grande máquina). Mas tarde surgiu o
computador pessoal e suas infinitas aplicações, que no final das contas fez
mesmo foi dispersar e misturar os controles operacionais em pastas eletrônicas
perdidas em meio ao parque tecnológico de máquinas computadorizadas. Só depois
de muito sofrimento é que a redenção chegou na forma dos ultra complexos e
desafiadores sistemas ERP (enterprise resource planning). Até o momento, alguns
sistemas ERP são na realidade um arranjo de blocos de aplicativos conectados
uns aos outros por meio de remendos mal costurados. Ou seja, não se configuram
como um único sistema dotado de várias funções, visto dependerem da
interferência humana para que um módulo possa se comunicar com o outro. Outra
característica marcante é a infinidade de parametrizações necessárias para
fazer o sistema entrar em produção, o que exige um altíssimo investimento em
treinamento de mão-de-obra. É como se o carro saísse de fábrica faltando pneus,
bancos, pintura etc. Uma interface realmente inteligente e amigável ainda é uma
das grandes carências dos sistemas ERP.
Mesmo depois de muita perseverança, competência e profissionalismo
aplicados à implantação e utilização de um sistema ERP, chega-se a uma
constatação gloriosa de que os processos operacionais estão sendo fielmente
representados dentro do ERP e consequentemente produzindo informações íntegras
e fidedignas. Só que, surpreendentemente, descobre-se que a tão sonhada meta de
administrar com a força dos fatos não foi atingida. O novo desafio é saber
gerenciar a informação produzida, é saber extrair do gigantesco armazém de
dados somente “aquela” informação estratégica e preciosa que fará com que a
empresa fique um passo à frente do concorrente, como fez o gigante varejista
Walmart. Nesse momento entra em campo o BI (business intelligence).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua mensagem será publicada assim que for liberada. Grato.