Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 11/06/2013 - A126
Meses
atrás, uma grande empresa comercial localizada em Belém do Pará adquiriu um
moderno e sofisticado sistema de gestão empresarial (ERP) que prometia
revolucionar seus processos operacionais, contábeis etc. O que na prática
ocorreu, foi uma sequência de atropelos que convulsionou as rotinas dos
funcionários e levou o diretor ao hospital após uma crise de estresse. Com os
ânimos um pouco mais arrefecidos, foi possível fazer uma análise aprofundada da
situação, a qual resultou numa pauta de reivindicações que foi posteriormente entregue
ao fornecedor do sistema ERP, localizado em Minas Gerais. Depois de fortes
pressões, a software house mineira enviou para Belém o seu melhor técnico para
evitar cancelamento de contrato ou algo mais sério. Como resultado, esse dito
técnico fez em três semanas o que outros profissionais não fizeram em três
meses e assim o sistema finalmente funcionou a contento. Nesse caso, o problema
central estava na alta qualificação e elevado grau de conhecimento do staff da
empresa paraense, que não aceitava de forma alguma um nível de resposta que
ficasse abaixo dos seus rígidos padrões de excelência.
Agora,
em 2013, outra empresa também se viu embrulhada em sérios problemas derivados
da aquisição de um sistema de gestão empresarial, cujas características são bem
diferentes da sua correspondente paraense. Aqui, a coisa se enroscou bastante.
E o motivo é que os técnicos da software house não são suficientemente
preparados para fazer a adequada implantação do sistema e também não conseguem determinar
a causa dos inúmeros conflitos entre os módulos do ERP. Por outro lado, o staff
da contratante não consegue identificar com precisão as suas necessidades de
controle, nem também possui conhecimento suficiente para discutir erros e
acertos do projeto. Dessa forma, expressivas deficiências acontecem em ambos os
lados do contrato (É a cobra cega lutando contra o sapo aleijado). Por isso, a
coisa se arrasta e os resultados são insatisfatórios.
Nesse
terceiro exemplo de implantação de ERP, a contratante era consciente da
deficiência dos seus processos operacionais e sabia que sua equipe não
resistiria a uma mudança radical. Primeiramente, o diretor comprou um sistema
bem simples e limitado, mas fácil de operacionalizar. Ao mesmo tempo, investiu
em estrutura, tecnologia e na qualificação do seu pessoal. Após três anos
resolveu apostar num sistema ERP. A mudança foi violenta, mas todos estavam
preparados para os solavancos. Tanto, que a implantação do projeto ocorreu sem
traumas e de acordo com o cronograma estabelecido no início dos trabalhos.
Hoje, o ambiente profissional da empresa é totalmente diferente da lojinha de
dez anos atrás. E a base dessa revolução está na qualificação da equipe de
profissionais responsável pela fluidez dos processos e segurança das
informações.
A
qualificação profissional dos funcionários é determinante para o sucesso ou o
fracasso de uma organização. Uma equipe capacitada e detentora de sólidos
conhecimentos técnicos é a melhor proteção que uma empresa pode dispor para se
defender de agentes externos maliciosos ou potencialmente virulentos. Esse
paradigma é ainda mais urgente agora, em face dos sofisticados e invasivos
controles eletrônicos impingidos ao contribuinte pelo Fisco. A gradual e
constante automatização dos processos fiscalizatórios, combinado com a expansão
da substituição tributária, vem secando a anteriormente torrencial fonte
propinolítica. Por isso, os fiscais estão padecendo de crises de abstinência e
ficando mais agressivos nas suas investidas aos contribuintes menos
esclarecidos dos seus direitos e obrigações. Não são poucos os casos de achaques
que resultam em “prejuízos financeiros” ou recolhimentos indevidos por falta de
empregados incapazes tecnicamente de questionar uma ação maliciosa do Fisco.
Portanto, investir na qualificação dos funcionários é investir na proteção do
patrimônio e na segurança dos negócios.
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