Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 11/03/2014 - A161
Um
olhar atento para a estrutura duma empresa revela que seu patrimônio é mais do
que máquinas, galpões ou dinheiro. Daí, a razão do setor contábil direcionar
seus esforços para a identificação, mensuração e monitoramento do ativo
intangível, tais como fundo de comércio, gestão de marcas etc. A crescente
internacionalização das relações comerciais, combinada com a complexidade do mercado
financeiro, concorreram para o surgimento dum ambiente de negócios altamente
competitivo, onde prevalece a adoção acertada de estratégias empresariais e de
tecnologia de ponta. Vence quem consegue traduzir as demandas e os fenômenos
sempre cambiantes em melhores produtos e serviços. Claro, um bom resultado é
consequência da mobilização harmoniosa de talentos dos mais diversos, combinado
com o alinhamento dos objetivos preconizados pela alta administração. Por essa
perspectiva contempla-se a importância de cada elemento do processo
organizacional e produtivo. Ou seja, cada peça e cada detalhe precisam está
rigorosamente ajustados para que o relógio seja pontual.
Poucas
empresas conseguem um grau tão elevado de competência organizacional.
Normalmente, o que se observa é uma mescla descompassada de ações gerenciais: o
setor produtivo é ótimo, mas o departamento comercial é péssimo; o gerente
financeiro reduziu custos, mas a empresa foi multada pela Receita Federal
devido a erros contábeis. Ou então, como é fato corriqueiro e habitual, a
empresa perdeu um funcionário de habilidades cruciais ao negócio. Há um estudo
que nomina tais funcionários habilidosos de Conectores devido ao fato de
catalisarem vários fluxos importantes, fazendo com que o trabalho de diversos colaboradores
dependa dos seus talentos especiais. Muitas vezes, tais fenômenos acontecem
naturalmente sem que a maioria consiga enxergar algo de extraordinário ao seu
redor. Já, em outros ambientes laborais é fácil identificar aquele que faz
acontecer ou que domina um processo crítico à saúde da organização. Mesmo
assim, é muito comum o acontecer dum destempero inconsequente levar o diretor a
demitir sumariamente um Conector. Quando isso acontece, vários fluxos são
bruscamente abalados. Como também abalados e desestruturados ficam determinados
processos organizacionais. Em algumas situações a empresa não mais consegue reproduzir
a excelente configuração do passado.
A
distribuidora de alimentos administrada por um habilidoso estrategista
comercial ampliou sua presença no mercado local de tal forma que deixou os
concorrentes apagados. O crescimento frenético dos negócios e o aumento
volumoso das operações tornaram a empresa vulnerável a riscos fiscais e
contábeis, porque tais assuntos burocráticos eram desprezados pelo chefe maior.
A falta de investimento na estrutura de controle interno resultou numa
enxurrada de ações fiscais que quase afunda o empreendimento. Isso, fora os
prejuízos decorrentes da falta de eficiência operacional. Passado o susto, a
direção resolveu contratar um grupo de profissionais especializados que com
muito trabalho e dedicação conseguiu organizar os processos e reduzir
drasticamente os custos da ineficiência operacional. Quando tudo parecia está
funcionando a contento, lá, o doido do diretor demitiu os dois mais importantes
Conectores, fazendo com que tudo voltasse à estaca zero. Ou seja, aquilo que
levou anos para ser construído foi abruptamente demolido. O conhecimento, o
diferencial competitivo, o capital intelectual, o ativo laboral, tudo foi
jogado no lixo. Logo em seguida começaram a voltar os velhos e indesejáveis
problemas do passado. É como se o sofrimento lá de trás, dos anos turbulentos,
não tivesse sido suficiente.
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