terça-feira, 9 de setembro de 2014

REVISÃO DE PROCEDIMENTOS FISCAIS




















Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 09/09/2014 - A183

O dono da pequena empresa sabia que algo de muito ruim estava acontecendo nos seus controles fisco-tributários. Como as limitações financeiras impossibilitavam a contratação de equipes especializadas, o jeito foi buscar por si só os meios necessários para resguardar a empresa dos riscos fiscais. O passo inicial se deu mediante participação num treinamento sobre ICMS e posteriormente, inscrição em outro curso sobre Substituição Tributária. Esse aprendizado se mostrou fundamental para o clareamento de incômodas e perturbadoras questões que diariamente atormentavam o microempresário. De imediato, ele descobriu que seu principal parceiro de negócios (uma multinacional) vinha há anos omitindo um subsídio tributário relacionado a uma operação de remessa em garantia. Descobriu também que a secretaria de fazenda estadual lhe devia muito dinheiro – resultado de taxações indevidas. Essas comprovações foram suficientes para a contratação de um serviço de Revisão de Procedimentos Fiscais. O profissional contratado diagnosticou outras disfunções operacionais, como por exemplo, um cadastro de produtos totalmente bagunçado e sem as situações tributárias definidas. A consequência mais perversa de tanta desordem era o pagamento duplicado de ICMS sobre vários produtos enquadrados no regime de substituição tributária. Também, algumas prestações de serviços geravam prejuízo em vez de lucro por desconhecimento do exato peso tributário na formação dos custos operacionais.

O trabalho do consultor seguiu desconstruindo velhos paradigmas e estabelecendo novas formas de enxergar o negócio. A nova postura adotada por todos passou a considerar o viés fiscal em cada passo dado e em cada decisão tomada. O principal efeito observado na equipe de trabalho era a compreensão plena dos efeitos tributários nas atividades cotidianas. Também, e mais importante, identificou-se uma série de variáveis fiscais que trespassavam as contas da empresa. Dessa forma, ficou fácil decifrar o tipo de terreno que se estava pisando e quais caminhos deveriam ser evitados; ou quais tipos de negócios se mostravam realmente vantajosos, ou ainda quais eram aqueles que só geravam prejuízos.

O trabalho fiscal do consultor foi breve, mas suficientemente capaz de conferir um novo formato de gerenciamento do negócio. O empresário ficou tão empolgado com a melhoria dos controles fiscais que resolveu apostar também num modelo de gestão empresarial baseado em relatórios contábeis. Sim, o consultor foi novamente chamado. Agora, para elaborar uma simplificada, mas eficiente estrutura de contabilidade gerencial via utilização de um modesto software já presente na empresa há vários anos.

Tantas informações e tantas novidades na forma de condução dos negócios foram aos poucos influenciando o comportamento dos funcionários e até mesmo dos clientes. A coisa deixou de ser feita de qualquer jeito. Até as mesas de trabalho estavam mais organizadas, os funcionários se mostravam mais atenciosos, o ambiente ficou mais receptível e a clientela mais satisfeita.

Diante da desmistificação dos assuntos fiscais e depois da conclusão do processo de exorcismo burocrático, o proprietário saiu, enfim, das sombras da ignorância que tanto o atormentavam. Assim, livre dos fantasmas da dúvida, finalmente houve sobra de tempo e energia suficiente para voltar a atenção para aquilo que era realmente importante: o mercado, a concorrência e as oportunidades que tanto batiam à porta da empresa sem nunca ser bem recebida. A vantagem competitiva se tornou mais evidente em face da realidade vivida pelos concorrentes que continuavam atolados no lamaçal burocrático tributário.  

Infelizmente, para muita gente trabalhadora e aguerrida, prescindir das questões fisco-tributárias pode concorrer para a fragilização de toda uma estratégia aparentemente bem construída. O resultado dessa renúncia é muitas vezes uma chuva de problemas a prejudicar seriamente o andamento dos negócios. E não adianta buscar soluções alternativas ou milagrosas. A única saída possível é enfrentar o bicho feio das complexidades fiscais, adequando-se às exigências das entidades governamentais e adotando padrões mínimos da boa gestão empresarial. O jeito então é estudar muito e investir pesado na capacitação profissional do time inteiro.  

Curta www.facebook.com/doutorimposto.

#ICMS
#IMPOSTOS



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua mensagem será publicada assim que for liberada. Grato.