Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 13 / 6 / 2017
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O
ICMS é o mais perverso dos tributos porque penaliza o mais pobre. Os tributos
indiretos (ICMS, PIS, COFINS, IPI) esmagam sem piedade o já minguado salário do
trabalhador. Não fosse tanto imposto embutido nas mercadorias, o cidadão
poderia levar o dobro de coisas pra casa. O dinheiro dos impostos que financia
a ineficiência e a corrupção é tirado da mesa das famílias, as quais acabam
passando necessidade. Não fosse tanto imposto, essas famílias poderiam ter uma
alimentação de melhor qualidade e um padrão de vida superior. A parte mais
cruel dessa história está na tumultuada política de concessão de incentivos
fiscais destinada aos mais ricos, que acabam pagando muito menos do que
deveriam. Nos Estados Unidos a coisa é toda ao contrário. Lá, o governo,
praticamente, não cobra imposto da alimentação e de alguns produtos básicos,
justamente para poupar os menos favorecidos. Por outro lado, o rico paga seu
imposto direitinho para não correr risco de passar dois anos enjaulado. Por
aqui, a operação Lava-Jato/Zelotes escancarou as artimanhas utilizadas pelos
grandes conglomerados econômicos para fugir dos impostos. E claro, se o rico
não paga, alguém tem que pagar. Por tal motivo o pobre sofre feito um
condenado. A Sefaz não poupa nem a papinha do bebê. E não adianta nada o bebê
chorar.
Pois
é.!! Não bastasse tudo isso, a Sefaz/AM aumentou a alíquota principal do ICMS,
ajustou a MVA da substituição tributária, majorou a carga de alguns produtos
etc. O nosso ente fazendário estadual pegou carona na onda de majorações que
dominou o país numa época de crise aguda da economia. Em vez de ter escolhido o
caminho mais fácil, a Sefaz/AM poderia ter aprimorado seus instrumentos de
inteligência fiscal, que, por enquanto, ainda são muito tímidos. Um Núcleo de
Investigação Fiscal turbinado é capaz de desbaratar meio mundo de práticas
tortuosas ou de falhas que prejudicam o erário. É imperioso que se dê mais
atenção para essa área estratégica, mesmo porque, já se sabe que mecanismos de
inteligência fiscal bem administrado podem até mesmo concretizar a tão sonhada
justiça fiscal. A raiz de todo o mal está nas exceções e nos desdobramentos
infinitos das normatizações legais. O estado do Ceará é um excelente
benchmarking. Se a inteligência fiscal da Sefaz/AM fosse mais inteligente, não
haveria empresa com dívida na casa do bilhão (6). Claro, há de se reconhecer
que o nosso ambiente legal dificulta sobremaneira o trabalho das execuções
fiscais, e, com isso, acaba favorecendo os espertinhos. Conclui-se assim que o
mundo é dos espertos: quem tem bons advogados paga pouco; quem entra na onda
dos “esquemas” não paga nada.
O
sistema judicial brasileiro está permanentemente inclinado para o lado de quem
tem dinheiro e poder. O julgamento da semana passada no TSE expôs as vísceras
putrefatas dos tribunais, os quais estão besuntados com a mesma lama do sistema
político. Essa dita “inclinação” também acontece em TODAS as instâncias e
esferas da administração pública. Vivemos uma grande fraude legal, onde o belo
e erudito vernáculo jurídico serve unicamente para ornamentar discursos
demagógicos endereçados aos incautos e tapados que não conhecem o lado negro da
força.
Os
comerciantes precisam contar para seus consumidores toda essa história
escabrosa de abuso tributário. Cada comerciante deveria pendurar um banner bem
grande no meio da loja que mostre para o consumidor a carga tributária de alguns dos seus produtos. O consumidor precisa saber que 72% do valor do vídeo game vão
direto para o governo. O povo precisa saber que metade do refrigerante é puro
imposto. De tanto ver banner após banner o consumidor iria gradualmente tomando
consciência do perverso sistema tributário que mata sua família. Portanto, é
preciso trazer a sociedade para o centro da discussão.
A
Lei 12741/2012, que deveria tornar público a carga tributária embutida no preço
dos produtos, foi implementada de forma a ter os seus efeitos neutralizados.
Explica-se. Nos Estados Unidos, o preço do produto e seu respectivo imposto são
informados separadamente ao consumidor. Aqui, no Brasil, a coisa toda acontece
de modo enigmático. A informação do cupom fiscal é muito técnica e fraudulenta
porque o consumidor compra uma coisa travestida de outra; compra imposto
travestido de produto porque a etiqueta do preço só possui uma informação. Por
isso é que o Banner se faz tão necessário.
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