Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 14 / 11 / 2017 - A 313
O
Brasil é campeão mundial de ações trabalhistas. Segundo estudo do Professor
José Pastore (FEA-USP), o nosso volume de processos em tramitação é de 3,9
milhões (ano 2016) enquanto que no Japão é de apenas 3.500 (ano 2009). Nos
Estados Unidos são 110 mil processos (ano 2016). Só chegamos a essa cifra
espantosa devido ao caos jurídico/institucional estabelecido no país. Ou seja,
a coisa foi crescendo, degradando até se transformar numa monstruosa indústria fomentada
por gananciosos personagens. E é justamente esse pessoal que está radicalmente
contra as novas regras trabalhistas que entraram em vigor agora, dia 11. Assistimos
à movimentação de grupelhos facciosos que gritam bem alto e que, por isso
mesmo, estão conseguindo plantar a semente da desconfiança na cabeça do
trabalhador. Tal fato suscita uma imediata e pronta reação da classe patronal,
que tem que se posicionar a favor das mudanças. O empresariado deveria estar
também gritando mais alto em favor dessa minirreforma trabalhista.
A
CLT, como todas as outras legislações, é confusa, subjetiva, maliciosa e
engessante. Essa coisa de direito pra cá e direito pra lá, acabou por
estabelecer um clima beligerante nas relações de trabalho. Patrões e empregados
estão sempre em lados opostos, como inimigos no campo de batalha. Cada
funcionário simboliza um potencial risco de danos patrimoniais porque na
Justiça do Trabalho tudo é muito incerto e parcial. Bizarrices de todo tipo
ganham espaço nos tribunais, como é o caso do pedido de indenização por fimose
adquirida no posto de trabalho.
Curiosamente,
milhares de brasileiros renunciam aos tais direitos trabalhistas para morar nos
Estados Unidos, onde não há direito quase que nenhum. Isso acontece, talvez,
porque os nossos direitos estão acompanhados duma brutal voracidade tributária.
Por exemplo, o empregador arca com um custo mensal de 6 mil reais com um
empregado, mas depois de tantos encargos e descontos, sobra para o trabalhador
somente 2 mil reais.
A
Lei 13467 vem quebrar um pouco do enrijecido sistema de normas trabalhistas. A grande
expectativa está na formalização de contratações impossibilitadas pelo regime
anterior, que de tão caquético, só servia para empurrar todo mundo para a
informalidade. Por exemplo, o dono do restaurante era obrigado a fazer
contratações irregulares no final de semana porque a CLT não permitia o
trabalho intermitente. E meio mundo de operações ilegais vinha acontecendo
porque a dinâmica social e empresarial é absolutamente incompatível com um
modelo anacrônico criado por legisladores suspeitos de corrupção.
O
fato é que, de agora em diante, iremos atravessar uma zona de muita
turbulência. A mudança impacta vários procedimentos que as empresas estavam
habituadas. A Lei 13467 aponta para um ambiente de muitos acordos e negociações
mais diretas. Só que, pelas discursões que estão se desenvolvendo, todas as empresas
deverão adotar um regulamento interno sobre ética e conduta profissional; uma
espécie de compliance. Caso a empresa não faça isso, ela confrontará muitos
dilemas ou antagonismos sobre decisões conflituosas. Portanto, será melhor já
definir um conjunto de regras gerais para todas as situações previsíveis.
Na
semana passada a Consultoria Cyjuman realizou mais um ciclo de palestras sobre
a Reforma Trabalhista. A equipe de diretores e funcionários destrinchou o
assunto com maestria e pleno domínio do assunto. No evento, que durou uma manhã
bastante produtiva e esclarecedora, foi trabalhado ponto a ponto, cada uma das
modificações normativas, onde foram levantados muitos questionamentos e seus
novos tratamentos daqui pra frente. O evento era restrito aos proprietários das
empresas clientes da Cyjuman. Na realidade, essa prática educativa deveria ser
comum a todas as firmas de contabilidade. A Cyjuman está constantemente
oferecendo palestras e treinamentos para seus clientes, para seus próprios
funcionários e também para os funcionários dos seus clientes. Na Cyjuman, todos
estão sempre em busca do alinhamento com as modificações normativas. O próximo
evento é sobre as recentes mudanças na legislação do Simples Nacional
(www.doutorimposto.com.br).
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