Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 12 / 6 / 2018 - A 334
De
modo geral, o diretor ou sócio duma empresa conserva o hábito de acompanhar
todas as etapas de qualquer obra de pequeno ou de grande porte que tenha encomendado
a uma construtora. Esse comportamento é absolutamente natural porque envolve
questões de significativo impacto patrimonial. Além de fazer o acompanhamento,
o diretor está sempre buscando informações detalhadas sem se importar com o
fato de não ter cursado engenharia civil. Por outro lado, o responsável pela
obra trata desses questionamentos como parte do seu trabalho. Curiosamente, tal
modus operandi não se aplica a questões de cunho fisco contábeis. Pelo menos,
na maioria das empresas.
A
Controladoria do empreendimento fabril Laminit preparava mensalmente um
relatório minucioso das operações que, posteriormente, era digerido pelo seu
diretor Paulo Scandian. A análise das informações consumia uns três dias de
imersão total no dito relatório. O diretor ia esmiuçando os dados e ao mesmo
tempo disparando e-mails para os responsáveis de vários setores. Fato
subsequente, era reservado um dia inteiro para apresentação dos números, onde
todos os participantes já deveriam estar com as justificativas e respostas na
ponta da língua. Esse ritual corporativo conferia ao chefe maior um absoluto
controle do negócio; nada escapava do seu olhar de lince. Por isso, todo o
corpo administrativo e operacional era cuidadoso no cumprimento das suas
tarefas. Tarefas essas, que eram transformadas em dados estatísticos por
sofisticados instrumentos de análise gerencial.
O
diretor da rede comercial Somaza exige que cada nota fiscal de compra seja
apresentada a ele com uma memória de cálculo anexada. Por se tratar de peças de
veículos, o ICMS substituição tributária é cobrado pelo fornecedor das
mercadorias ou pela Sefaz. Daí, a importância da conferência. Vez por outra, os
funcionários são confrontados por desafios analíticos envolvendo dados enigmáticos.
Isso acontece devido a variados e incomuns arranjos matemáticos que os
fornecedores constroem para atender a legislação da ZFM. Muitas vezes, o que
ocorre, é erro de aplicação normativa. Essa prática diligente da Somaza já
livrou a empresa de muitas encrencas e também de muitos prejuízos fisco
tributários.
Tais
lições nos dizem que o diretor precisa compreender e monitorar as operações
fisco contábeis que se desenvolvem na sua empresa. Afinal de contas, o que está
em jogo é a saúde do negócio. Mesmo porque, uma bobeada, e lá se vão milhões de
reais pelo ralo. Claro, obvio, a capacitação precede a compreensão. Isso se
traduz em estudos da matéria em questão – é preciso saber o mínimo necessário
para discutir assuntos relevantes com o Contador. Mesmo assim, o que se observa
em vários ambientes corporativos é a total desconexão da alta gerência com a sua
assessoria fisco contábil, onde guias de recolhimento tributário são aprovadas
às escuras ou relatórios contábeis são engavetados sem passar por nenhuma análise
gerencial.
É
de salutar importância que o Administrador solicite do Contador uma
apresentação mensal de todas as operações do seu negócio. A apresentação deve
ser feita de modo protocolar e ritualístico; em local apropriado e com
informações projetadas via slides PowerPoint. A reunião precisa contar com a presença
de funcionários graduados, justamente para conferir legitimidade ao evento. O
empresário que fizer isso pela primeira vez irá descobrir uma infinidade de
desajustes operacionais, além de prováveis inconsistências nas apurações de
tributos. Mesmo que a empresa seja pequena, é importante que se verifique, ao
menos, o cumprimento de obrigações normativas.
Essencial,
mesmo, é que a alta gerência busque os meios necessários para se manter informada
de tudo que possa comprometer o patrimônio da empresa. Isso só será possível se
o administrador tiver conhecimentos necessários para questionar tecnicamente os
dados que lhe são apresentados.
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