Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 11 / 8 / 2020 - A408
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Depois
das presepadas envolvendo kit de primeiros socorros e extintor de incêndio, os
burocratas desocupados do Conselho Nacional de Trânsito empurraram goela abaixo
do cidadão brasileiro o imbróglio da placa Mercosul que só trouxe confusão, gastos
e aborrecimentos para os proprietários de veículos; e ao mesmo tempo encheu o
bolso do Detran e dos estampadores. A coisa era pra ser bem pior, com um modelo
mais dispendioso e com troca geral de norte a sul. O governo atual é que deu um
freio nos arroubos autoritários do CNT.
Um
despautério fenomênico perturba o cidadão honesto que se pergunta: Como é que insanidades
desvairadas se transformam em normatizações legais? Pois é. Isso é resultado da
letargia de milhões de pessoas incapazes de qualquer reação contra grupelhos
facciosos viciados em invencionices burocráticas que guardam intenções maliciosas.
E é justamente essa máfia de burocratas que está debruçada no projeto de
reforma tributária. Só Deus sabe quais interesses estão conduzindo ou
empurrando o Brasil para um precipício ainda mais escarpado. A PEC45, abraçada
pelo presidente da Câmara, pretende aumentar a carga dos prestadores de serviços
de 5% para 25% (ou mais); e ainda criar um novo sistema tributário sem revogar
o atual. Se um sistema enlouquece as empresas, imagine administrar dois
sistemas paralelos por dez anos!! Se aprovada, a PEC45 explodiria de vez o já
insustentável custo de conformidade legal.
O
deputado e empresário Alexis Fonteyne diz nas suas redes sociais que, “com a
reforma tributária teremos um sistema de padrão mundial: simples, transparente,
neutro e equilibrado”. O ministro Paulo Guedes brada aos quatro ventos que seu
projeto de reforma tributária é perfeito, ao passo que a primeira fase enviada
ao Congresso visa triplicar o custo tributário dos prestadores de serviços. O
restante da proposta se resume à balela e a discursos puídos com forte catinga demagógica.
Por outro lado, admira muito, o deputado Fonteyne afirmar que nosso sistema
mudará da água pro vinho da noite pro dia, mesmo sabendo que isso é improvável.
Pois
é. Conclui-se assim que o assunto reforma tributária se transformou num objeto de
politicagem rasteira, com a turma de oportunistas surfando na onda dos clichês artificiosos.
Inclusive, percebe-se claramente que tá todo mundo boiando na superficialidade
dum assunto extremamente complexo. Não é pra menos. O brasileiro se acomodou
enquanto a burocracia governamental passou décadas alimentando o atual e indomável
monstro tributário. A ignorância parlamentar encoraja o movimento de interesses
poderosos que manobram a casa legislativa com as rédeas do tecnicismo enigmático.
Curiosamente,
nossas autoridades públicas e demais especialistas de plantão lutam ferozmente
pelo protagonismo no circo de espetáculos bizarros, onde propagam desinformação
endereçada ao bando de jumentos retardados. Impressiona, a cara-de-pau desse pessoal
ao despejar no colo do povo as ideias mais estapafúrdias, como, por exemplo, o brutal
aumento de Pis Cofins e o retorno da malfadada CPMF que o ministro insiste em
dizer que não é CPMF. Ou seja, quem assiste ao telejornal se sente tratado como
um idiota mentecapto. O pior de tudo é que a massa populacional transmite ao político
um atestado de idiotice, já que engole a saparia caladinha.
Temos
que compreender um aspecto fundamental do assunto reforma tributária: O grande
inimigo é o excesso de burocracia. A exacerbação burocrática produz grossas camadas
titânicas que envolvem o fato compreensível e, portanto, modificável. Se essas
camadas forem destruídas, será possível mapear deformidades e assim corrigir falhas
estruturais com justiça fiscal. O problema dessa correção é que ela implodiria
a gigantesca estrutura burocrática que enriquece uma máfia poderosa. Daí, o
motivo da inexistência de propostas sérias no Congresso Nacional. Se o povo
brasileiro capitaneasse uma verdadeira reforma tributária, os órgãos reguladores
e julgadores demitiriam 80% do seu corpo funcional. Também, o excesso de advogados
tributaristas mudaria de ramo. E as empresas seriam mais dinâmicas e mais competitivas
no mercado global. Curta e siga @doutorimposto
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