sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

ALTA GESTÃO NA PEQUENA EMPRESA


Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio  dia   10 / 1 / 2023 - A470
Artigos publicados 

Há cerca de 7 anos o senhor Cleverson participou dum treinamento na universidade de tecnologia do varejo, em que contratou o professor para implantar na sua empresa um sistema de contabilidade gerencial. Na época, o modelo de controle foi desenvolvido no software WK Hércules e depois transferido para o software Alterdata. Como a Global Refrigeração era uma pequena empresa, tudo foi adequado à sua realidade financeira e operacional. Tudo foi feito de modo a garantir funcionalidade e eficiência na produção das informações. A grande vantagem do Hércules estava nos geradores de lançamento que permitiam qualquer pessoa operar sem conhecimento contábil. Além disso, havia uma série de mecanismos de bloqueios que garantiam a integridade dos dados. E assim, deu-se o início da contabilidade diária. De imediato, começou também o pipoco de coisas que não batiam com outras coisas etc. O senhor Cleverson passou a enxergar várias disfunções nos instrumentos que utilizava, como também nas metodologias de trabalho. Mesmo assim, e apesar do estresse, todos se mantiveram firmes até a tudo engrenar.

O trabalho no Hércules teve um caráter didático e experimental, cujo objetivo estava no aprimoramento diário dos controles gerenciais. O efeito colateral da gestão contábil provocou diversas mudanças, tais quais: a) A empresa deixou de pagar horrores de notificações erradas lançadas no DTE/Sefaz e também houve intensa dedicação na construção duma segurança fiscal; b) O mapeamento contábil revelou gastos desnecessários que foram cortados. Esse dito mapeamento possibilitou o controle efetivo das finanças e da lucratividade e da própria estabilidade do negócio. Isso permitiu manobras seguras de promoções, descontos, abandono de algumas marcas e investimentos em novos produtos; c) Foram revistos todos os processos envolvendo controle de estoque, emissão de notas de venda, gestão financeira, gestão de custos trabalhistas etc; d) Deu-se início a um trabalho minucioso na formação de preço de venda que provocou uma revolução nos produtos trabalhados. O senhor Cleverson descobriu que produtos aparentemente bons de trabalhar, na verdade davam prejuízo. Ele então teve que tomar algumas decisões difíceis, mas com o tempo conseguiu organizar suas mercadorias de modo que todas passaram a dar lucro; e) O conhecimento gerado até melhorou a relação com bancos e operadoras de cartão, além de clientes e fornecedores.

Já amadurecida, a contabilidade gerencial precisava ser transferida para um software licenciado, em que foi escolhido o Alterdata. A mudança foi trabalhosa, uma vez que foram solicitadas diversas funcionalidades nada comuns. Além disso, o senhor Cleverson mergulhou fundo na exploração dos recursos do Alterdata que poderiam agregar valor à sua administração. Uma das técnicas que teve grande impacto nos negócios foi o aprimoramento da formação de preço de venda, que antes era confusa, enigmática e insegura. E hoje o senhor Cleverson é um mestre das estratégias comerciais.

Muito antes da experiência na Global eu constatei que um procedimento simples é trabalhado de modo tortuoso em diversas empresas. Trata-se da formação de preço de venda. Algumas falhas recorrentes: a) Falta de mapeamento dos custos operacionais; b) Utilização de um percentual geral entre compra e venda, ao invés de composição detalhada. Nesse ponto, a falha maior está nos tributos não embutidos no preço, mas gerados a partir da nota fiscal. Ou seja, o empresário paga o imposto que não cobrou do cliente. E a Sefaz ainda quer prender esse comerciante por apropriação indébita; c) Classificação indevida da antecipação ICMS como custo de aquisição nas empresas de Lucro Presumido ou Real.

Meses atrás, durante uma aula on-line, eu resolvi compor o preço dum produto, em que uma mercadoria tabelada por R$ 1.405 deveria ser vendida por R$ 1.899. O dono da empresa ficou apavorado ao constatar vários preços errados.

Sabemos todos nós que é preciso muita habilidade para navegar no nosso turbulento ambiente econômico e político. A imprevisibilidade marca profundamente o cotidiano do empresariado, exigindo altos níveis de competência administrativa. Mas o exemplo da Global prova que alta gestão não é prerrogativa de empresas gigantes. E eu aposto que o senhor Cleverson é mais competente que muitos ícones empresariais da nossa região.

O senhor Cleverson afirmou que, se não fosse a consultoria do professor, ele teria ficado doido ou então abandonado o comércio. Fico a imaginar quantos empresários vivem a mesma angústia do Cleverson de oito anos atrás. Curta e siga @doutorimposto.








































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