Reginaldo de Oliveira
E-mail – reginaldo@reginaldo.cnt.br
Publicado no Jornal do Commercio em 12/11/2009 – Manaus/AM - pág. A6
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A nossa estrutura social tal qual a conhecemos é resultante de um processo iniciado há alguns milênios e que nos dias atuais demonstra um altíssimo nível de complexidade. A configuração sistêmica dessa estrutura exerce uma força acachapante sobre o indivíduo, restando quase que somente a alternativa da resignação. Assim, o comportamento da pessoa humana é direcionado segundo os ditames da ordem estabelecida, a qual determina uma infinidade de regras de conduta e de relacionamentos interpessoais. É por isso que desafiar paradigmas requer do contestador um municiamento poderoso. Em alguns casos os paradigmas amadurecem, apodrecem e caem sem que seja necessária nenhuma espécie de insurreição.
De forma geral, as grandes revoluções são marcadas por algum tipo de proposta relacionada ao atendimento de anseios populares de melhoria das condições de vida de um povo. Ou seja, é preciso a anuência do conjunto da sociedade para que uma determinada configuração de ordenamento social perdure por longas eras. Essas configurações são caracterizadas pelos acordos que as pessoas fazem entre si, os quais precisam estar consubstanciados por um caráter de legitimidade. As pessoas concordam em transferir parte do seu poder para outrem em troca da manutenção de um ambiente favorável ao convívio social. Também, entre pares, vão se definindo balizadores para que os direitos de cada um sejam respeitados sem que haja necessidade de interferência de agentes de instâncias superiores. É o que se pode chamar de acordos de convivência social.
Tudo que o nosso discernimento percebe como norma social é fruto da criação humana. Isso significa que algum tipo de prática ou ideologia tido como inadequado é passível de modificação, bastando apenas o estabelecimento de um acordo que seja adequado a uma nova realidade. Sendo assim, as pessoas podem decidir ser mais educadas no trânsito, mais criteriosas ao escolher seus governantes; podem se organizar na forma de entidades para lutar por melhorias nas suas comunidades ou dar um basta ao clima de insegurança. Enfim, como diz uma bela canção de Michael Jackson, as pessoas podem fazer do mundo um lugar melhor para se viver.
Em algumas empresas já vigora um padrão de conduta pautado na ética dos relacionamentos profissionais, o que propicia um ambiente voltado à proteção da dignidade das pessoas e desenvolvimento dos potenciais criativos. Esses agrupamentos humanos se comportam de forma bem diferente dos funcionários de uma empresa que não procura proteger as pessoas de boa índole dos nefastos. O fato é que muitos empregados são alvos de práticas tenebrosas devido a ciúmes, inveja ou pura maldade de pessoas situadas nos mais diversos níveis hierárquicos. Tais indivíduos ruins se assemelham a uma erva daninha que se não for neutralizada pode provocar estragos de grandes proporções na estrutura de uma organização econômica.
Um fenômeno que muito perturba aquele que se utiliza do exercício da reflexão, é a apatia das autoridades constituídas frente à escalada da violência. A mídia denuncia diariamente e com ênfase estarrecedora a incompetência do Estado para tratar do assunto. O que pipoca nos noticiários são as brigas das diferentes esferas do governo quando tentam ensaiar uma reação conjunta ao crime organizado. Enquanto isso, a criminalidade ganha eficiência por possuir uma agilidade que o poder constituído não tem. Resumo da ópera: a sociedade simplesmente não decidiu, verdadeiramente, resolver o assunto de uma vez por todas. Ou seja, falta um novo acordo. Na década de 70 a cidade de Nova York, nos Estados Unidos da América era dominada pelo crime até que um dia a paciência acabou e as forças emanadas da sociedade organizada resolveram dar um basta naquilo tudo e implantar o regime de tolerância zero.
Na área educacional, assim como nas relações sociais, as pessoas vêm melhorando seus níveis de instrução e se comportando de maneira mais cordial com seus semelhantes. Muitos jovens amadurecem mais cedo e mais cedo constroem uma carreira profissional promissora. Isso significa que novos acordos vão sendo firmados e novas posturas vão sendo adotadas. Nesse ritmo, quem sabe assim possamos firmar novos acordos sociais e evoluir como uma nação comprometida com valores que priorizem a dignidade humana.
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