Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio AM 15/06/2011
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A observância dos valores respeitados pela sociedade é um traço distintivo do bom profissional. A faculdade inata que cada um possui de distinguir o certo do errado é fundamental para a aceitação do indivíduo pelos grupos sociais. O desenvolvimento de capacidades perceptivas mais aguçadas que permitam a distinção de adequado e inadequado, conveniente e inconveniente, oportuno e inoportuno etc., amplia as possibilidades de influência nas atitudes das demais pessoas e cria oportunidades de ascensão profissional. Os holofotes estão permanentemente voltados para a nossa conduta profissional, o que nos faz lembrar de manter um cuidado zeloso da imagem que projetamos àqueles com quem interagimos cotidianamente.
A característica quase que onisciente da sociedade pressiona o indivíduo de forma implacável e o obriga a pautar suas atitudes segundo a cartilha determinada pelos costumes vigentes. Violar regras cristalizadas por longos períodos de adequações morais é arriscar-se ao ostracismo social. Por isso, qualquer ato de ousadia deve ser muito bem calculado. O dramaturgo irlandês Bernard Shaw disse que o progresso depende dos insensatos, visto que o homem sensato não viola regra nenhuma e assim nada cria. Essa infeliz verdade é um grande desafio para quem se dispõe a romper a bolha da mediocridade e, consequentemente vir a ser soterrado por uma avalanche de críticas. Somente os muito fortes costumam sobreviver. Outros tantos naufragam por se atreverem a dizer verdades inconvenientes. Por esse motivo é que enormes quantias de dinheiro são despendidas com serviços de consultorias que são contratadas para dizer aquilo que os empregados não têm coragem de falar.
O ambiente corporativo é um caldeirão de regras, comportamentos e sentimentos de tudo quanto é tipo que borbulham o tempo todo sob enorme pressão. Quanto maior a estrutura, maior a complexidade e mais difícil a manutenção do clima organizacional em níveis adequados de harmonia e estabilidade. Por isso, as empresas devem monitorar tais fenômenos comportamentais e desenvolver estratégias positivas de ação. A formalização de um código interno de ética e conduta profissional é a solução encontrada por muitas entidades para uniformizar um conjunto de valores e práticas consideradas adequadas para o bem-estar de todos, proteção dos ativos tangíveis e intangíveis e garantia de perenidade.
Curiosamente, o cidadão de boa fé e de bom senso é capaz de obedecer a volumosos códigos de conduta sem nunca os ter lido. Mesmo assim tais códigos são válidos e extremamente importantes quando se apresentam como balizadores de dilemas éticos aparentemente triviais como, por exemplo, favores ou presentes envolvendo agentes externos. Na ausência de formalização de regras de conduta, o profissional deve ficar atento às armadilhas embutidas nas boas intenções de quem quer que seja. O desconfiômetro deve está sempre sintonizado até mesmo com as sutilezas de gestos amistosos ou sorrisos espontâneos.
Esse estado de coisas não obriga necessariamente a adoção da paranóia como um traço expressivo da personalidade. Cordialidade, respeito ao próximo e compromisso com a qualidade profissional são atributos mais do que suficientes, não havendo necessidade de envolvimento e intimidade com colegas de trabalho. Dessa forma, é possível manter níveis adequados de conforto moral necessários ao bom desempenho das atividades e responsabilidades de cada um.
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