Publicado no Jornal do Commercio AM em 03/04/2012
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As
recentes denúncias que escancararam o submundo das licitações fraudulentas
ocuparam por inteiro os noticiários da Rede Globo de televisão. As cenas são
chocantes, visto que mostraram o altíssimo grau que chegou a banalização de
condutas deploráveis. Observou-se ainda a orquestração de um espetáculo
dantesco, onde cinismo e caradura eram utilizados para conferir certo caráter
de normalidade ao crime de corrupção e peculato. Os protagonistas das cenas
lastimáveis demonstraram grande desenvoltura nas suas bem articuladas
proposições, como se tudo aquilo fosse coisa corriqueira e prática mais do que
comum a todo e qualquer processo licitatório. Ninguém ali exalou expressão de
culpa ou demonstrou algum tipo de pudor. Pelo contrário, as falas eram diretas
e insofismáveis, nos levando a deduzir que a amostra representativa colhida
pela reportagem não é um fato isolado, é regra geral e absoluta. Dias depois o
programa Fantástico levantou uma cifra milionária que iria para o bolso dos
corruptos, caso fossem confirmados os contratos fraudulentos mostrados na
televisão.
Se,
a partir desse episódio televisivo, fizéssemos um pequeno esforço mental para
refletir sobre tudo que foi noticiado, iríamos, com certeza, nos deparar com um
vasto e infinito universo de corrupção. Imaginemos aqueles fatos mostrados na
televisão acontecendo milhares e milhares de vezes todos os dias em tudo quanto
é recôndito das repartições públicas de todo o país. Imaginemos uma roubalheira
generalizada nos órgãos públicos. Imaginemos ladrões, ladrões, corruptos,
corruptores, bandidos, ladrões, ladrões transbordando pelas janelas,
repartições entupidas de ladrões e corruptos; bandalheiras, desvios, propinas e
mais propinas; cuecas, meias e malas recheadas de dinheiro etc.
Pode
parecer loucura, mas infelizmente a nossa realidade é pavorosa. Os estudos que
vez por outra aparecem na mídia com dados sobre valores consumidos pela
corrupção são superficiais e ridículos. A coisa é muito, muito mais feia e
cabeluda. A corrupção e os desmandos possuem raízes extremamente profundas e capilarizadas.
Poder-se-ia dizer que a corrupção é um câncer que já atingiu todas as células
da administração pública. Quem bem conhece esse universo sabe disso. E sabe
também que escândalo nenhum é capaz de diminuir o ritmo acelerado da
bandalheira institucionalizada. Os bolsos sedentos de propina nunca se enchem;
querem sempre mais e mais. A turma de corruptos sabe que a probabilidade de
punição é praticamente zero. Esse pessoal tem plena consciência que existe uma
legislação prontinha para proteger o bandido fraudulento. Quando 0,001% da
bandidagem é flagrada em explícito e indefensável ato de corrupção, os fatos
repercutem por um tempo, mas depois são esquecidos, sendo que lá pelo final a
justiça proclama inocência por falta de provas ou por falhas no processo
judicial. O corrupto sabe que tudo está esquematizado e institucionalizado em
todos os escalões. Já o homem honesto, esse está com a maquiagem de palhaço
tatuada no rosto.
O
choque da reportagem do Fantástico tem rendido debates, questionamentos,
revoltas etc. Algo semelhante ao corno que descobre um fato já sabido de todos.
O mais curioso nessa história toda é observar a reação das autoridades
“perplexas” e “chocadas” com as cenas cruas e grosseiras que invadiram os lares
brasileiros. É nessa hora que se percebe no semblante dessas “autoridades
indignadas” a qualidade artística da representação teatral que demonstram em
frente às câmeras. Nem no cinema holywoodiano se vê tamanha perfeição. É um
festival de atores talentosíssimos; todos dizendo que vão adotar sérias medidas
para combater desvios de conduta na esfera pública.
Realmente e deplorável o estado em que se encontra o poder público, o tempo passa e mais e mais casos de corrupção vem a tona, a televisão se torna grande aliado com sua influencia sobre a sociedade telespectadora mostrando a realidade, fazendo com que cada corrupto flagrado se arrependa o dia em que cedeu a tentação gananciosa de roubar o dinheiro de investimentos para a sociedade brasileira.
ResponderExcluirprofessor espero algum dia poder alocar ideias em palavras e textos tao bons quanto o seu; de seu caro aluno;