Publicado no Jornal do Commercio dia 04/09/2012 - A93
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Na
semana passada, representantes de algumas entidades profissionais se reuniram
com o diretor de operações do Instituto Municipal de Planejamento Urbano, Sr.
Ricardo Braga, para cobrar esclarecimentos acerca de prazos de liberação de
processos. A discussão girou em torno de reclamações de muitas empresas
impedidas de operar devido a severos atravancamentos burocráticos ocorridos no Implurb.
Algumas justificativas do diretor se mostraram plausíveis; outras, nem tanto. A
ocorrência mais importante do evento foi simplesmente o fato de um grupo de
pessoas estarem ali, frente a frente, colocando as cartas na mesa, avaliando
alternativas e defendendo suas posições. No final das contas, decisões foram
tomadas, compromissos foram firmados e os sentimentos acalorados ficaram mais
arrefecidos. Além disso, concluiu-se que reuniões daquele tipo deveriam ser
frequentes e poderiam acontecer não somente para se reclamar de alguma coisa, mas
também para que todos pudessem contribuir com propostas para a melhoria da
gestão pública. Ali, no Implurb, foi possível constatar os efeitos positivos de
uma boa conversa. Sendo assim, seria muito salutar que essa prática pudesse se tornar
mais comum.
Quem
já vem praticando ação semelhante e de forma sistemática é a Associação
Comercial do Amazonas. As recentes reuniões da ACA têm sido marcadas pela
presença de altos representantes do poder público, que atenderam ao chamado da
classe empresarial e se dispuseram a ouvir as demandas dos comerciantes. Na
realidade, essa iniciativa da ACA é mais do que natural e oportuna; até mesmo
para dizer para a sociedade que Manaus não é feita somente de indústrias. É
importante lembrar que o comércio contribui de forma vigorosa para manter a
pujança da nossa economia, além de ser o maior gerador de empregos, sendo que por
esses e outros motivos merece atenção e respeito. Se alguns órgãos públicos não
funcionam satisfatoriamente, talvez uma das causas do problema seja a apatia e a
inércia daqueles que deveriam estabelecer parcerias e marcar presença junto às
entidades governamentais. A ACA já está quebrando essa inércia.
É
possível até que os funcionários públicos estejam precisando de um tubarão no
seu tanque; alguma coisa que agite suas vidas profissionais e os façam até
mesmo valorizar seus cargos e justificar seus salários. É fato sabido de todos
que aquele funcionário público que fez um esforço gigantesco para ser admitido
após penosos processos de seleção, chega ao seu posto de trabalho cheio de energia,
mas em pouco tempo vê seu entusiasmo se esmaecer. Logo descobre as licenças
médicas ampliadas, as miniférias que emendam com os feriadões e a possibilidade
de se ausentar do trabalho por horas a fio etc. Assim, e com raras exceções, o
trabalho efetivamente desenvolvido é quase voluntário, pois aqueles que cumprem
religiosamente suas obrigações, o fazem sem muito compromisso com a
produtividade. Claro, sabe-se que esse ambiente é totalmente distinto da
realidade existente no setor privado, onde prazos e tarefas são cobrados com
rigor. Há quem diga que a razão dessas dificuldades está na seguinte premissa:
O empregado do setor privado pode fazer tudo que não é proibido enquanto que o
funcionário público só pode fazer o que é permitido. Se isso for um dogma,
talvez esteja na hora de quebrar paradigmas.
Cabe
à sociedade organizada interferir de alguma forma nesse anacrônico universo,
que mais se parece um insaciável buraco negro que engole toda energia e
recursos que o setor privado produz sem dar um retorno minimamente decente na
forma de educação, saúde, segurança etc. O que salta à vista é o constante
agigantamento da máquina pública, onde verbas e mais verbas nunca são
suficientes para financiar a ineficiência dos órgãos públicos e a apatia dos
seus respectivos funcionários. Talvez um dos culpados por toda essa má fama sejam
os ocupantes do alto escalão, que não possuem estofo, nem competência, nem
preparo, mas possuem padrinhos poderosos. E como sabemos, todo corpo só
funciona bem se tiver uma cabeça boa. Assim, falta liderança no serviço
público; falta profissionalismo, falta gestão de alto nível etc.
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