Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 15/07/2014 - A178
Os
grandes centros de excelência educacional, como Harvard, Oxford ou Sorbonne
sintetizam o grau evolutivo de seu povo, como uma insígnia a resplandecer para
o mundo o brilho civilizatório da nação. E a razão de tanto sucesso se deve ao
grande investimento dessas instituições em pesquisa e desenvolvimento nos
vários campos do conhecimento humano. Na realidade, o desenvolvimento
tecnológico advindo de tais estudos vem constantemente aprofundando o abismo entre
as nações menos ou mais avançadas.
A
história da terra manauara é pontuada de eventos pioneiros carregados de arrojo
e ousadia. Por conta dessa riqueza ancestral é que os manauenses contemporâneos
têm o dever de zelar por essa bela tradição. Sendo assim, pergunta-se: Por que
a Cidade Universitária da UEA não poderia se tornar um centro de excelência
reconhecido internacionalmente? Já temos um trunfo que muito pode nos ajudar
nessa empreitada, que é a marca Amazônia. Da mesma forma que foi despejada uma
montanha de dinheiro nas obras da FIFA, poder-se-ia também fazer o mesmo no
campo educacional, com resultados muito mais promissores.
O
Brasil carece de centros de excelência em diversos tipos de pesquisa. Por
exemplo, as entidades patronais seriam imensamente beneficiadas se houvesse um
grande núcleo de altos estudos no campo tributário, dedicado à construção de
soluções para os infinitos problemas da ensandecida estrutura fiscal que se
abateu sobre o país. Outro universo extremamente carente de suporte técnico e
capacitação é a gestão pública, sendo que nesse caso, há um clima de urgência
por conta do prazo esgotado de algumas disposições da Lei da Transparência e da
contagem regressiva para adequação à Nova Contabilidade Pública. Isso, fora as
enigmáticas regras de funcionamento do Controle Interno, um assunto que também
está atormentando os gestores públicos.
Por
conta de tantas demandas e prazos exíguos, os gestores públicos estão
desorientados e sem noção exata de como lidar com tantos desafios. Faltam
justamente as orientações práticas de como efetivamente promover as necessárias
adequações nas diversas estruturas operacionais da administração pública. Tais
dificuldades têm concorrido para a formação de um clima de ansiedade e
insegurança de muita gente. Esse quadro é agravado nos municípios localizados
no interior do estado, onde o acesso aos recursos tecnológicos e humanos é bastante
restrito. Ou seja, falta orientação, falta preparo, falta capacitação; falta
aos demandantes de conhecimento a descoberta de uma fonte abastecedora que
sacie a sede tantos funcionários públicos engajados na firme ideia de
profissionalização das suas incumbências. O atendimento de tantos requisitos
numa proposta unificada de solução poderia ser viabilizado através da união de
esforços da Associação Amazonense de Municípios em conjunto com o Conselho
Regional de Contabilidade e com o Tribunal de Contas do Estado. Essas três
entidades capitaneariam um projeto de desenvolvimento de modelos
administrativos via criação de núcleos de excelência em gestão pública.
Atualmente,
os gestores do interior do estado não sabem a quem recorrer no momento em que
decidem revisar ou construir processos operacionais complexos. Alguns casos de
serviços de consultorias especializadas trazidas a peso de ouro do sul do país
não se mostraram adequados nem satisfatórios. Por isso é que as soluções devem
ser criadas aqui, pelos amazonenses. Temos competência para isso. Basta apenas
acordar para o problema e em seguida buscar os meios eficientes para efetivar
esse ideal pedagógico. Ao que parece, o cerne da dificuldade atual vivida pelos
gestores públicos está no desinteresse de alguns e na falta de diálogo de todos.
Por isso, está na hora de alguém levantar a voz. Está na hora de promover um
grande movimento de valorização da gestão pública amazonense, com repercussões
na mídia e convocação do funcionalismo para abraçar essa causa grandiosa.
A
efetiva implementação de excelentes disposições legais já existentes teria o
poder finalístico de suprimir o cabedal de práticas tortuosas entranhadas até o
osso da gestão pública. Ou seja, o germe revolucionário da gestão pública pode
ser desenvolvido no meio da pirâmide hierárquica. Posteriormente, se expandiria
para baixo e em seguida pressionaria o topo. Portanto, Lei da Transparência,
Contabilidade adequada e Controle Interno eficiente são os elementos capazes de
quebrar muitos paradigmas e ao mesmo tempo valorizar a imagem do funcionário
público. E a capacitação profissional é o elemento-chave dessa revolução.
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