Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 6 / 8 / 2019 - A370
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Tempos atrás, o deputado Carlos Hauly, num evento promovido pela FVG, fez o seguinte comentário: Quem sobrevive no Brasil de hoje? A empresa que tem incentivo fiscal e creditício; sonegadores profissionais; planejadores fiscais que levam a empresa no contencioso; tradicionais monopólios, oligopólios, cartéis e trust΄s. Por isso é que o Brasil, do ponto de vista tributário, nunca foi um país sério.
Tempos atrás, o deputado Carlos Hauly, num evento promovido pela FVG, fez o seguinte comentário: Quem sobrevive no Brasil de hoje? A empresa que tem incentivo fiscal e creditício; sonegadores profissionais; planejadores fiscais que levam a empresa no contencioso; tradicionais monopólios, oligopólios, cartéis e trust΄s. Por isso é que o Brasil, do ponto de vista tributário, nunca foi um país sério.
As
poucas palavras do deputado Hauly sintetizam o campo minado no qual as empresas
estão operando. Essa realidade maquiavélica impulsiona cada empresário a buscar
os meios possíveis de se manter vivo no pantanoso e escarnecedor ambiente de
negócios. Isso significa que ninguém trabalha “normalmente”; todo mundo precisa
conhecer os meandros e o submundo das práticas heterodoxas para assegurar a perenidade
da sua empresa. E isso não é nada fácil. Na realidade, a estrutura normativa
por inteira é uma fraude institucionalizada pela absoluta impossibilidade de
execução. Não se sabe explicar, porém, como essa dita estrutura se mantém de pé.
É difícil entender como o empresariado brasileiro até agora não se rebelou contra
uma coisa que tem por objetivo fomentar a corrupção de agentes públicos e confiscar
patrimônios particulares.
A
ultra complexidade burocrática é meticulosamente construída por mentes
diabólicas instaladas nos gabinetes oficiais. Otto Von Bismarck afirmou que o
povo não dormiria tranquilo se soubesse como são feitas as leis e as salsichas.
No Brasil, essa perversidade é multiplicada mil vezes. A operação Lava-Jato mostrou
claramente a influência de gente poderosa em todas as esferas do poder.
Infinitas denúncias desbarataram o modus operandi adotado pelos legisladores
tributários para atender interesses particulares específicos. Ou seja, todo o
conteúdo legislativo brasileiro é altamente contaminado por ignomínias abomináveis.
E é justamente nesse rio poluído de dejetos que estamos mergulhados. Daí, as
variadas justificativas adotadas por quem optou em não ser aniquilado pelo
Fisco.
O
jurista Eurico di Santi disse que a empresa precisa ler e interpretar mais de
um milhão de páginas normativas para conseguir se manter na legalidade. O
Brasil precisa urgentemente de um choque de realidade. O Brasil perdeu a grande
chance de organizar sua estrutura tributária em 1965 e também em 1988. Agora, não
é possível acreditar que perderemos mais uma oportunidade com a discussão em
vigor sobre a reforma tributária. Mas, do jeito que se comporta o anestesiado
cidadão brasileiro, não será surpresa alguma termos que engolir uma reforma
tributária que vai piorar em muito o que já é péssimo. Todos os sinais apontam
para isso. Tá todo mundo insistindo no IVA e na intensificação da
regressividade. Ninguém está debruçado sobre a progressividade nem sobre mecanismos
efetivos de redução da burocracia.
A
classe empresarial precisa lutar pelo fim do IVA e do sistema de “imposto por
dentro”. Os doutores da lei tratam o IVA como algo imprescindível, como se
fosse impossível viver sem IVA. Mas é possível, sim. Basta lembrar que não
existe IVA no regime cumulativo do Pis/Cofins. A substituição tributária do
ICMS, em termos práticos operacionais, é um regime sem IVA porque morre na
primeira fase da cadeia de produção/distribuição. Os que lutam pela manutenção
do IVA são pessoas que se alimentam da lama burocrática, como agentes públicos
e advogados tributaristas. Se a burocracia cair, esse povo todo vai perder dinheiro
e poder.
A
grande luta deve ser também contra a excesso normativo. Numa recente entrevista
ao programa Roda Viva, o economista Bernard Appy disse que na Suécia, onde há três
alíquotas positivas, foram desenvolvidos estudos no qual apontaram uma redução
de 30% do custo burocrático fiscal se houvesse uma única alíquota. Agora,
imagine o ambiente apocalíptico brasileiro entulhado com zilhões de alíquotas!!
Imagine o impacto positivo duma reforma tributária que consiga reduzir drasticamente
a nossa infernal burocracia tributária... Iríamos ser catapultados para um
altíssimo patamar de desenvolvimento econômico e social. Mas, infelizmente, o
espírito de vira-lata não vai deixar isso acontecer. Os burocratas vão
novamente vencer e as empresas vão continuar queimando no inferno tributário. Curta
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