Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 7 / 04 / 2020 - A395
Constituição
Federal (art. 148) – A União, mediante lei complementar, poderá instituir
empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias decorrentes de
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência.
CNN (27/03/2020)
– A 15ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo aceitou um pedido da Prefeitura da
capital paulista e autorizou o saque de R$ 53 milhões depositados em conta
judicial, e que aguardavam análise de um recurso. A verba, segundo argumento da
administração municipal na ação, será destinada às ações de saúde direcionadas
ao combate do novo coronavírus na maior cidade do país.
Veja (04/04/2020)
– A PEC do “orçamento de guerra” flexibiliza travas fiscais e orçamentárias
para dar mais agilidade à execução de despesas com pessoal, obras, serviços e
compras do Poder Executivo e vai vigorar até o dia 31 de dezembro deste ano.
Jornal do
Amazonas 1ª edição (03/04/2020) – Marcelo Magaldi, secretário de saúde de
Manaus afirmou que “estamos enfrentando uma guerra”, “estamos em plena guerra”,
“estamos em plena batalha”. Na mesma reportagem, o senhor Rodrigo Tobias, secretário
de saúde do Amazonas, foi mais ponderado ao dizer que “temos que dividir as
responsabilidades”.
Expressões recheadas
com a palavra “guerra” são constantemente mencionadas em todos os canais
midiáticos, indicando assim que os cidadãos estão sendo preparados para um
impacto, como se todos fossem passageiros de um pouso forçado. O poder público
e o cidadão mais antenado já sabem que, logo, logo, o erário vai minguar, uma
vez que o sistema de arrecadação de impostos foi drasticamente prejudicado. Por
outro lado, cresce a demanda por ações emergenciais de assistência aos
desfalecidos e desesperançados pela falta de dinheiro. Essa mistura explosiva
tem o potencial de desestabilizar a ordem econômica e social do país. E mesmo
que a quarentena não demore muito, o volume de arrecadação vai demorar meses ou
talvez anos para voltar aos padrões anteriores. Acontece, que temos uma máquina
pública consumidora voraz de um determinado volume de dinheiro previsto nas
políticas orçamentárias. Pois então!!!
Observe que o
primeiro item da dita PEC do “orçamento de guerra” é justamente “despesas com
pessoal”. O principal interesse dos parlamentares está direcionado para a manutenção
de todas as despesas orçadas. Esse pessoal não quer abrir mão de, por exemplo, fundo
eleitoral, salários que extrapolam o teto constitucional, mordomias escandalosas,
legiões de assessores parlamentares, órgãos públicos entupidos de apadrinhados
políticos, licitações superfaturadas, gastos desnecessários com produtos supérfluos;
pensões, indenizações e aposentadorias milionárias etc., etc. O universo
público em geral não quer abrir mão de nada. Na visão dos funcionários
públicos, a crise do coronavírus é problema do setor privado. Então, o setor
privado que se vire para pagar os impostos e assim garantir a execução do
orçamento público. E advinha em que os políticos estão trabalhando nesse
momento.
Se o dinheiro
já vai acabar e se a gastança mesmo assim vai continuar, a solução imediata é o
confisco para manter as lagostas e os vinhos premiados do STF. Há uma lista
imensa de propostas, sintetizadas no artigo da semana passada, que visam
alavancar a arrecadação. Não sendo isso suficiente, e caso o quadro das contas
públicas seja agravado, não é de se estranhar uma medida extremada de
empréstimo compulsório. Não será surpresa pra ninguém que as contas bancárias
fiquem zeradas dum dia para o outro, como ocorreu no governo Collor. Não é de
se estranhar que os estoques das empresas sejam saqueados (como já ocorreu na
fábrica da 3M em Sumaré-SP). Isso tudo é um sinal de que, quando o dinheiro
acabar, o poder público vai se unir por inteiro contra o setor privado. Logo, logo,
o STF vai julgar constitucional todo tipo de saque e de confisco. Isso vai ser
muito fácil de operar, já que o povo brasileiro é passivo e anestesiado. Basta
lembrar as consequências do confisco no governo Collor, onde grande parte da população
preferiu se suicidar do que organizar uma luta contra os abusos do poder
público.
A passividade
do brasileiro é uma vergonha para o mundo. É vergonhosa, a inércia do povo
diante do agigantamento constante e acelerado dos gastos públicos. Está na hora
do pagador de impostos exigir, como bem disse o secretário Rodrigo Tobias, que
as responsabilidades sejam divididas. Isto é, em vez de confiscar o pouco que restou
de patrimônio do particular, o governo deveria aproveitar o momento para fazer
um corte profundo na pornográfica gastança da máquina pública. Curta e siga
@doutorimposto
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