terça-feira, 16 de setembro de 2014

terça-feira, 9 de setembro de 2014
REVISÃO DE PROCEDIMENTOS FISCAIS
Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 09/09/2014 - A183
O
dono da pequena empresa sabia que algo de muito ruim estava acontecendo nos
seus controles fisco-tributários. Como as limitações financeiras
impossibilitavam a contratação de equipes especializadas, o jeito foi buscar
por si só os meios necessários para resguardar a empresa dos riscos fiscais. O
passo inicial se deu mediante participação num treinamento sobre ICMS e posteriormente,
inscrição em outro curso sobre Substituição Tributária. Esse aprendizado se
mostrou fundamental para o clareamento de incômodas e perturbadoras questões
que diariamente atormentavam o microempresário. De imediato, ele descobriu que
seu principal parceiro de negócios (uma multinacional) vinha há anos omitindo
um subsídio tributário relacionado a uma operação de remessa em garantia. Descobriu
também que a secretaria de fazenda estadual lhe devia muito dinheiro – resultado
de taxações indevidas. Essas comprovações foram suficientes para a contratação
de um serviço de Revisão de Procedimentos Fiscais. O profissional contratado
diagnosticou outras disfunções operacionais, como por exemplo, um cadastro de
produtos totalmente bagunçado e sem as situações tributárias definidas. A
consequência mais perversa de tanta desordem era o pagamento duplicado de ICMS
sobre vários produtos enquadrados no regime de substituição tributária. Também,
algumas prestações de serviços geravam prejuízo em vez de lucro por
desconhecimento do exato peso tributário na formação dos custos operacionais.
O
trabalho do consultor seguiu desconstruindo velhos paradigmas e estabelecendo
novas formas de enxergar o negócio. A nova postura adotada por todos passou a
considerar o viés fiscal em cada passo dado e em cada decisão tomada. O
principal efeito observado na equipe de trabalho era a compreensão plena dos
efeitos tributários nas atividades cotidianas. Também, e mais importante,
identificou-se uma série de variáveis fiscais que trespassavam as contas da
empresa. Dessa forma, ficou fácil decifrar o tipo de terreno que se estava
pisando e quais caminhos deveriam ser evitados; ou quais tipos de negócios se
mostravam realmente vantajosos, ou ainda quais eram aqueles que só geravam
prejuízos.
O
trabalho fiscal do consultor foi breve, mas suficientemente capaz de conferir
um novo formato de gerenciamento do negócio. O empresário ficou tão empolgado
com a melhoria dos controles fiscais que resolveu apostar também num modelo de
gestão empresarial baseado em relatórios contábeis. Sim, o consultor foi
novamente chamado. Agora, para elaborar uma simplificada, mas eficiente
estrutura de contabilidade gerencial via utilização de um modesto software já
presente na empresa há vários anos.
Tantas
informações e tantas novidades na forma de condução dos negócios foram aos poucos
influenciando o comportamento dos funcionários e até mesmo dos clientes. A
coisa deixou de ser feita de qualquer jeito. Até as mesas de trabalho estavam
mais organizadas, os funcionários se mostravam mais atenciosos, o ambiente
ficou mais receptível e a clientela mais satisfeita.
Diante
da desmistificação dos assuntos fiscais e depois da conclusão do processo de
exorcismo burocrático, o proprietário saiu, enfim, das sombras da ignorância
que tanto o atormentavam. Assim, livre dos fantasmas da dúvida, finalmente
houve sobra de tempo e energia suficiente para voltar a atenção para aquilo que
era realmente importante: o mercado, a concorrência e as oportunidades que
tanto batiam à porta da empresa sem nunca ser bem recebida. A vantagem
competitiva se tornou mais evidente em face da realidade vivida pelos
concorrentes que continuavam atolados no lamaçal burocrático tributário.
Infelizmente,
para muita gente trabalhadora e aguerrida, prescindir das questões fisco-tributárias
pode concorrer para a fragilização de toda uma estratégia aparentemente bem
construída. O resultado dessa renúncia é muitas vezes uma chuva de problemas a
prejudicar seriamente o andamento dos negócios. E não adianta buscar soluções
alternativas ou milagrosas. A única saída possível é enfrentar o bicho feio das
complexidades fiscais, adequando-se às exigências das entidades governamentais
e adotando padrões mínimos da boa gestão empresarial. O jeito então é estudar
muito e investir pesado na capacitação profissional do time inteiro.
#ICMS
#IMPOSTOS
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terça-feira, 2 de setembro de 2014

terça-feira, 26 de agosto de 2014
MALANDRO É MALANDO, mané é mané
Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 26/08/2014 - A182
Como
será que se faz para andar, andar e não sair do lugar? Pois é. O governo faz
isso com excepcional maestria. A nova lei do SIMPLES (LC 147/2014) é um caso
emblemático. Coube ao ministro Afif Domingos e suas incansáveis caravanas, a
incumbência de produzir uma montanha de espuma a esvair-se com vento. Depois de
tanto barulho e tanta propaganda o resultado final manteve a mais acintosa e
vexatória violação do primeiro artigo da Lei Complementar 123, que estabelece
tratamento tributário diferenciado e favorecido às microempresas. O inciso XIII
do artigo 13 simplesmente mata a lei toda ao exigir do microempresário a mais
brutal e escorchante taxação, que é a substituição tributária do ICMS. A lei,
portanto, é uma fraude que não dispensa tratamento tributário diferenciado
coisa alguma. Uma pequena loja de materiais de construção está inteirinha dento
da modalidade de substituição tributária do ICMS e, portanto paga tanto quanto
o maior estabelecimento da cidade no mesmo segmento econômico. Para piorar, a
maioria desses empreendimentos paga novamente o imposto por não ter estrutura
sofisticada o suficiente que permita a segregação dos produtos ST no momento da
emissão do Documento de Arrecadação do Simples (DAS). Para piorar ainda mais a
vida dos pequenos, a SEFAZ exige antecipação de ICMS, impondo assim o mesmo
tratamento dispensado aos grandes conglomerados econômicos.
O
ICMS é o terror dos empresários. Portanto, a pequena empresa deveria pagar
somente os tributos relativos ao enquadramento do seu porte e atividade em um
dos anexos da LC 123/2006. Dessa forma, é absolutamente descabida a cobrança de
ICMS nas modalidades de antecipação e substituição tributária. A LC 147/2014,
tão alardeada como peça de propaganda política criou uma nova tabela com teto
de tributação muito superior a de uma empresa optante pela modalidade do Lucro
Presumido. Quer dizer, se mais uma nova e barulhenta lei do Simples for
novamente publicada é capaz de tudo mundo querer ir para a modalidade do Lucro
Real. Ou então tudo quanto é empresinha morrerá soterrada com tantas exigências
burocráticas. O SIMPLES, hoje, é tão COMPLICADO quanto a mais complicada das
legislações específicas de grandes empresas. E a vida do pequeno empresário
fica pior a cada dia que passa com o tsunami de normas invadindo seu
estabelecimento e derrubando tudo que encontra pela frente.
O
dito “tratamento diferenciado” destaca inclusive a dispensa de obrigações
acessórias, como forma de reconhecimento do custo e da dificuldade de tais
controles para quem possui um pequeno estabelecimento. Pois bem. A SEFAZ/AM
passou por cima desse princípio com um rolo compressor ao exigir de 568
microempresas a apresentação de SPED Fiscal (EFD) a partir de janeiro de 2014
(Resolução GSEFAZ 37/2013).
O
artigo 26 da LC 147, de 7 de agosto de 2014, veda expressamente a exigência de
escrituração fiscal digital (EFD) das empresas optantes pelo SIMPLES (parágrafo
4ºA). Por sua vez, a SEFAZAM utilizou seu trator de esteira para esmagar esse
artigo 26 ao dizer no artigo 2º da Resolução GSEFAZ 21 de 11 de agosto de 2014,
que o contribuinte do SIMPLES é, SIM, obrigado a apresentação da EFD, o qual
“permanecerá na obrigatoriedade de forma irretratável(sic)”. São obrigadas
também aquelas que tenham aderido voluntariamente ao SPED fiscal. Já, os mais
espertos, que não fizeram adesão ou que por algum motivo fugiram dessa
obrigatoriedade foram salvos pela LC 147.
#SIMPLES
#Afif
#ICMS
#SPED
#BUROCRACIA

quarta-feira, 20 de agosto de 2014
TERRORISMO FISCAL
Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 19/08/2014 - A181
Num vídeo disponível na internet o presidente da Associação Comercial de São Paulo,
sr. Rogério Amato, expressa sua preocupação com o clima de terrorismo fiscal
instalado no país. Ele menciona um levantamento feito pela própria ACSP, o qual
mostra que as empresas gastam em média 4% do seu faturamento com a
administração das obrigações acessórias, sendo que o número dessas tais
obrigações não para de crescer nem por um minuto, expondo o patrimônio das
empresas a altíssimos níveis de risco. As regras, os detalhamentos e as
minúcias de tantos formulários se expandem ao infinito, fazendo com que ninguém
consiga escapar de uma multa por preenchimento errado. O sr. Amato diz ainda
que os contadores não mais estão garantindo a proteção do patrimônio dos
clientes nem conseguindo fazer seu trabalho de forma clara, justamente, por não
ter estômago grande o suficientemente para digerir a montanha de regras criadas
pelo governo. E ainda por cima essa classe de profissionais é criminalizada por
isso. A realidade do dia a dia mostra que a coisa toda só tende a piorar. De
modo geral, os entes tributantes permanecem envolvidos na criação de estruturas
faraônicas e megalomaníacas de controle fiscal e ao mesmo tempo estão se
engasgando e tropeçando nas próprias pernas por não dispor de pessoal
capacitado para administrar projetos de altíssima complexidade. E, claro, quem
sempre paga o pato da profusão de lambanças engasgatórias é o atônito
contribuinte.
Tanta
instabilidade no obscuro sistema de normatizações tributárias produz um
ambiente litigioso que acaba beneficiando o grande e poderoso contribuinte e
sua tropa de advogados. Esse pessoal se aproveita das impropriedades legais
para peitar o governo e não pagar o devido. Dessa forma, se o grande não paga,
o pequeno é atacado sem dó nem piedade para compensar o desfalque no erário. A
coisa é tão feia e a legislação tão mal construída que cada palavra escrita
pode ser objeto de contestação judicial. Um prato feito para os grandes e espertos
contribuintes. A nossa SEFAZ/AM até que vem se esforçando bastante para
estabelecer um diálogo produtivo com a classe contábil.
O
contribuinte é o homem no quarto escuro procurando o chapéu preto que não está
lá. Mas o Fisco quer o tal chapéu de qualquer maneira ou então tome-lhe multa. Essa
é a roubada em que as empresas estão metidas. O fato mais curioso do nosso
sistema tributário é o disparate da baixa capacidade de fiscalização se
contrapor com a altíssima complexidade dos regulamentos. A consequência
imediata de tanta maluquice é a incitação e o fomento da corrupção. Regras
obscuras fazem a delícia dos fiscais corruptos e o inferno de quem sua a camisa
para manter esse país de pé. Ou seja, parece que o legislador é atacado por um
formigamento que o leva a viajar na maionese e assim mergulhar no poço sem
fundo dos detalhamentos excessivos e da burocracia desvairada. E o ato mais
contraditório e paradoxal acontece quando o governo propõe alguma medida redutora
da burocracia que no final se descobre ser mais uma dor de cabeça e mais um
custo. Mais custo para as empresas e mais custo para os órgãos governamentais
que se veem obrigados a alugar prédios e entupi-los de funcionários para cuidar
dos novos procedimentos burocráticos. E todo dia novas e impraticáveis regras
fiscais são impostas ao contribuinte sem que nenhum freio ou mecanismo legal
barre coisas absurdamente estapafúrdias.
Quem
está sofrendo horrores com esse ambiente terrorista é a pequena empresa que até
para emitir uma nota fiscal precisa saber de centenas de regras relacionadas a
enigmáticos termos e codificações privativas do conhecimento de profissionais
especializados. Por isso é que milhões de notas fiscais erradas são emitidas
diariamente no país, provocando assim uma infinidade de brigas e confusões
entre fornecedores e clientes. Não é para menos. Os assuntos fiscais estão
pautando todas as ações das empresas. Muitos empresários já estão sabendo
disso, mas continuam perdidos ou mal assessorados.
Hoje, brincar não dá
mais. Por isso, meio mundo de gente está batendo a cabeça na parede e esperando
assim que o surgimento de uma faísca de iluminação aponte o caminho certo a
seguir. A questão principal não deveria ser tanto buscar os meios necessários
ao cumprimento da legislação, mas sim, articular um movimento em prol da
racionalização das regras fiscais. O governo adora uma sociedade inerte e
conformada, que engole tudo calada. E se ninguém reclama, então é porque está
tudo bem e todos estão felizes e satisfeitos. Por isso, um aumento de imposto
aqui e uma nova obrigação acessória ali não fará mal algum.
VEJA O VÍDEO NO LINK https://www.youtube.com/watch?v=WEYNUCOFte0
#ICMS
#SEFAZ
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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

terça-feira, 5 de agosto de 2014
CORAGEM E OUSADIA DA SEMEF
Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 05/08/2014 - A180
O
sociólogo alemão Max Weber conferiu um significado solene ao termo burocracia,
relacionando-a a uma estrutura organizacional pautada por regras claras, bem
desenhadas e impessoais. Mas foram os franceses que imprimiram o tom pejorativo
que estamos acostumados. O tecido usado para cobrir as escrivaninhas era
chamado de “bure”, de onde derivou a palavra “bureau”, que acabou servindo para
designar todo o escritório. Burocracia é resultado da junção de “bureau” com a
palavra grega “krátos”, significando assim o poder dos funcionários do
escritório. Nada mais apropriado para traduzir a realidade das repartições
públicas brasileiras, onde o sadismo é a marca mais evidente da personalidade de
alguns funcionários públicos. Para constatar essa afirmação, basta observar o
prazer estampado no semblante desse pessoal quando indefere uma solicitação. Tal
estado de glória é consequência direta dos efeitos inebriantes do poder do
escritório correndo nas veias.
Se
num lado da moeda acontece o esbaldamento e a esparramação da burocracia
desenfreada, no outro lado os efeitos colaterais desses excessos desabam sem dó
na cabeça do contribuinte, que lá debaixo dos escombros se debate com uma
infinidade de certidões, autenticações, formulários, carimbos, assinaturas,
petições, solicitações, procurações, filas, senhas, agendamentos, requerimentos
etc., etc. É a burocracia pela burocracia, que, claro, alimenta uma corja de
corruptos de tudo quanto é escalão. Ou seja, gestos negativos geralmente carregam
uma intenção maliciosa, como se esperasse ouvir a famosa frase: “Tem outro
jeito de se resolver isso?”.
O
período mais negro da Secretaria Municipal de Finanças (SEMEF) aconteceu na
gestão imediatamente anterior, onde, por conta do demoníaco iCad tudo quanto é
processo foi travado, levando contadores e empresários à loucura. A coisa ficou
tão desesperadora que grandes e tradicionais escritórios de contabilidade
simplesmente deixaram de prestar qualquer tipo de serviço de abertura de
empresas porque simplesmente ninguém conseguia absolutamente nada pelas vias
convencionais. Há casos de peregrinações semanais a SEMEF que consumiu seis
meses, onde a funcionária do órgão sempre dava a mesma justificativa de nunca haver
fiscal disponível para inspecionar o endereço do empreendimento e assim o
Alvará não era liberado (eu, Reginaldo, autor desse texto, passei por essa
traumatizante experiência). O prazer da negação da funcionária da SEMEF era
algo vibrante e acintoso. Essa relação entre a funcionária opressora e o
contribuinte oprimido lembra bem o filme “A morte e a donzela”, visto que a
atendente do órgão se revestia de um poder tão avassalador que podia fazer gato
e sapato do pobre do contribuinte, o qual não tinha meios nenhum de se defender
nem a quem reclamar. O próprio comandante do Implurb, Manoel Ribeiro, deixou o
auditório da prefeitura lotado de contadores a ver navios, onde não compareceu
para dar explicações sobre a balbúrdia que tinha tomado conta da prefeitura.
Depois
de tanto a SEMEF moer a carne e triturar os ossos do contribuinte parece que
finalmente a vantagem passou para o lado de quem utiliza os serviços do órgão. Seu
atual secretário teve a coragem e a ousadia de virar o jogo dessa conflitante
relação entre a prefeitura e a população manauara.
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Artur Neto,
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SEMEF manaus,
sociedade,
Ulisses Tapajós

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