Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 21/01/2014 - A154
Juvenal
montou uma modesta loja de equipamentos eletrônicos no centro da cidade. Como
um bom marinheiro de primeira viagem, o pequeno empresário enfrentou muitas
dificuldades para lidar com as armadilhas do mundo dos negócios. Acontece que o
Juvenal possuía uma extraordinária capacidade de fazer acontecer; parecia um
trator avançando sobre a floresta. Sua energia e seu espírito aguerrido arrancavam
elogios de funcionários, clientes e fornecedores. Dessa forma, o empreendimento
prosperou de modo que em poucos anos estavam todos instalados num imenso prédio
próprio e com filiais espalhadas por seis estados da federação. Apesar de
possuir tantos predicados o Juvenal tinha imensas dificuldades na área
administrativa da sua empresa. Seu departamento financeiro levou muitos anos
para adquirir um grau mínimo de eficiência e sua estrutura contábil tributária
era uma caixa preta. Assim, a prosperidade chegou acompanhada de grandes dores
de cabeça. Os problemas, que na lojinha estavam à vista e eram contornáveis,
tornaram-se potencialmente danosos devido ao peso da estrutura empresarial. Ou
seja, o bater de asas da borboleta lá do passado agora se transformou num vendaval.
O
principal motivo da chuva de transtornos que assolava os negócios do Juvenal
era a sua dificuldade de adaptação às novas realidades que ia vivendo. Ou seja,
ele não percebia que cada novo estágio de desenvolvimento demandava uma nova
forma de gestão. Se antes, ele pagava um salário mínimo para o escritório de
contabilidade, agora, diante de complexas operações com legislações de vários
estados, seria preciso pagar quatro vezes mais somente para um analista
contábil interno bem qualificado. Caso contrário, o risco potencial de pesadas
autuações fiscais tornava-se iminente. Portanto, determinadas economias e
barganhas numa uma área tão sensível como a contábil tributária, só empurrava a
empresa para a beira do abismo. O problema é que o Juvenal não engolia a ideia
de gastar muito dinheiro com empregados nem com assessorias especializadas. Por
isso é que seus contadores baratinhos lhe causaram prejuízos milionários que
quase quebraram a empresa, fazendo com que o barato saísse muito, muito caro.
Crescer
é passar por diversas metamorfoses e muitas vezes a mudança deve ser radical.
Brilhantes empresários cheios de excelentes planos de expansão dos negócios, ou
ficam enjaulados num só estabelecimento físico ou fracassam em projetos de expansões
atabalhoadas. No caso do Juvenal, a fonte dos aborrecimentos e prejuízos estava
nas filiais que consumiam o lucro da matriz. Assim, a cada novo ciclo de
crescimento o empresário deverá ser totalmente reconstruído. Como uma pequena
casa que se vai agregando um puxadinho aqui e outro ali, chega-se num ponto em que
o melhor a fazer é demolir tudo e construir algo totalmente novo e adequado às
novas necessidades.
Talvez
o motivo das dificuldades de adaptação esteja na sensação de autossuficiência,
na desconfiança exagerada e na falta de qualificação executiva. O mercado dispõe
de muitos cursos rápidos, de alto nível e adequados às necessidades dos homens
de negócios. Infelizmente, as melhores escolas estão nos grandes centros do
país. O objetivo da busca desse tipo de qualificação é o aperfeiçoamento da
qualidade das decisões tomadas. O fato de ser grande faz com que o peso das
decisões seja mais intenso e abrangente. Por isso é que, por exemplo, demitir
funcionários detentores de conhecimentos estratégicos pode criar instabilidades
no ambiente de trabalho, com reflexos negativos no desempenho geral do negócio.
Algo pior pode acontecer quando se decide comprar um sistema baratinho de
informática para gerenciamento dos controles internos.
O
Juvenal continua batendo a cabeça na parede; acertando umas, errando outras. Também,
pudera. Os riscos de bancarrota se agravam a cada dia que passa devido às
imensas pressões criadas pelo governo com suas maluquices de obrigações
acessórias impraticáveis, o que tanto está onerando por demais os custos
administrativos como estão criando um clima de terror nas empresas. Aqueles que
conseguiram lidar razoavelmente com o nosso instável ambiente tributário e
assim mitigar riscos fiscais são os que vêm investindo pesado na qualidade dos
seus processos internos e na qualificação do seu pessoal.
PARABENS PELO BLOG!
ResponderExcluirhttp://vladmirfalmeida.blogspot.com.br/
Muito obrigado. Seu Blog possui um fantástico arsenal de informações. Parabéns.
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