Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 01/04/2014 - A164
O
poder fascina a humanidade desde os tempos imemoriais. Daí, a razão de tantos
conflitos a colorir fortemente as páginas dos livros de história. Ocupar o
posto mais alto é sempre motivo suficiente para justificar extremados esforços
envidados em prol desse objetivo, mesmo que não se saiba das responsabilidades
e dos riscos que orbitam o topo da pirâmide. Há casos de pessoas que querem o
poder, mesmo não tendo noção exata do que fazer com ele depois de conquistá-lo.
Felizmente, a figura do gestor público está aos poucos ocupando o espaço do político
populista especializado na engabelação das massas. Pode-se até afirmar que a
figura do autêntico gestor público é um espécime relativamente novo no cenário
nacional. O próprio conceito de gestão pública é ainda tão rarefeito que na
hora da prova de fogo a coisa se incendeia facilmente. Prova disso foi o
monumental esforço despendido para integrar os entes participantes da
organização dos jogos da copa do mundo aqui em Manaus, de modo que tudo se
adequasse ao padrão FIFA. Talvez o grande legado deixado por esse megaevento
esportivo esteja na maneira de pensar, planejar e gerenciar a coisa pública de
forma inteligente e integrada.
Pois
é. Um maravilhoso episódio marcou a cidade de Presidente Figueiredo na semana
passada, quando um grupo de autoridades e convidados participou do lançamento
da primeira etapa de implantação do Sistema de Gestão Pública Urbem, que está
sendo implementado por uma equipe comandada pelo representante da Associação
Amazonense de Municípios (AMM), sr. Evaldo Silva. O Urbem é mais do que uma
ferramenta tecnológica de gerenciamento e integração das diversas atividades
desenvolvidas pelo ente público. O Urbem é simplesmente um divisor de águas;
uma revolução capaz de virar pelo avesso aquilo que se vivencia atualmente na
gestão pública. O mais interessante é que até mesmo aqueles que estão nesse
momento vivendo o processo de implantação, não têm noção do que pode advir
futuramente. Ou os desdobramentos resultantes do sucesso desse empreendimento. No
momento, a expectativa se concentra no cumprimento da lei da transparência e de
outras obrigações legais, de maneira ágil e eficiente. Também, espera o Prefeito
obter ganhos oriundos da qualidade gerencial das suas unidades gestoras. O sr.
Neilson Cavalcante sonha com a possibilidade de ter ao alcance da mão toda
informação que precisar de forma tempestiva. E ainda navegar através dos fluxos
de informação no momento em que eles acontecerem, mesmo estando fora do seu
município.
Estruturar
o sistema Urbem de modo que as informações venham a fluir sem perder
integridade, e de forma que todas as obrigações legais e contábeis sejam
atendidas, é apenas o importante primeiro passo. A partir do grande armazém de
dados gerado (data warehouse), entraria em ação o
BI (business intelligence) e suas ferramentas de garimpagem (data mining), de
forma a materializar o ideário do grande e icônico Alfred Sloan, que é ADMINISTRAR
COM A FORÇA DOS FATOS. Ou seja, explorar as potencialidades das unidades
gestoras e ao mesmo tempo interpretar as sutilezas comportamentais das diversas
instâncias operacionais da organização pública. Experimentar o poder de um BI é
um contentamento fabuloso para os autênticos e visionários administradores. Na
realidade, o BI é uma inteligência viva, capaz de está ali, ao lado do
administrador, apontando e alertando para os fatos relevantes no momento em que
eles acontecem, através dos famosos painéis de instrumentos (dashboards) ou
disparos via e-mail etc.
O
Prefeito, sr. Neilson Cavalcante, sintetizou no seu apropriado discurso a
trajetória de tantos administradores públicos ilhados no mais remoto dos
oceanos; distantes das soluções tecnológicas e administrativas tão necessárias
para a boa condução da gestão pública. O grande problema apontado concentra-se
justamente na falta de informações estruturadas que deveriam ser
disponibilizadas para o gestor recém-empossado. Isso, fora o emaranhado de
complexidades e desafios pertinentes às várias unidades gestoras da
administração municipal. Como bem lembrou o Prefeito, nenhuma facilidade é
encontrada; tudo chega da forma mais difícil. Uma avalanche de problemas desaba
nos primeiros dias à frente da prefeitura, e a coisa segue pipocando num ritmo
frenético por um bom tempo.
Por
conta de tantas experiências ruins é que o sr. Cavalcante abraçou a proposta da
AAM, com apoio do Conselheiro do TCE, sr. Alípio Reis, de implantar o Urbem,
sendo assim o primeiro município a testar a versão atualizada desse sistema. O
Prefeito afirmou não se importar em ser cobaia do Urbem. Disse ainda que o
papel do gestor é dar respostas para as pessoas de forma responsável, além de
transparecer aos munícipes sua dedicação e seu cuidado com a coisa pública. Ou
seja, cada real investido deve ter seu retorno na forma de satisfação e de
melhorias no cotidiano das pessoas.
As
palavras do Prefeito são materializadas nas plenas condições oferecidas e
disponibilizadas para que o projeto Urbem aconteça sem nenhum tipo de restrição.
Parabéns a todos aqueles que estão envolvidos nesse belíssimo projeto de
modernização da gestão pública.
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