Doutor Imposto
Publicado no Jornal Maskate dia 03/09/2015 - A010
A
tradicional fabricante de aviões teco-teco resolveu apostar todas as fichas num
audacioso projeto para construir o cargueiro aéreo apelidado de Zap-Cururu. Por
meses a fio os melhores engenheiros se debruçaram sobre pilhas e pilhas de
esquemas técnicos, protótipos e desenhos mecânicos. A coisa toda até que deslanchou
bem, mas lá pelo meio do caminho começaram a pipocar sugestões estrambóticas de
modificações variadas que resultaram numa espécie de Frankenstein Voador. Isto
é, a estrutura (cheia de adaptações e puxadinhos) pesou fortemente, tanto no
orçamento quanto na violação de regras básicas da engenharia aeroespacial.
Conclusão: depois de pronto o cargueiro só conseguiu voar totalmente vazio;
qualquer carga embarcada impedia seu deslocamento por causa do peso excessivo
da aeronave (um gravíssimo erro de projeto).
Sabemos
que os impostos têm como objetivo principal financiar a saúde, a educação, a segurança
etc. Pagamos toneladas de taxas para termos estradas, energia, justiça etc.,
etc. Ou seja, para que o dinheiro saído do nosso bolso se transforme em todos
esses serviços, faz-se necessária a existência de vários órgãos públicos, cada
um com suas respectivas responsabilidades e incumbências. O gigantesco contingente
de funcionários públicos administra nosso suado dinheirinho de modo a garantir
um atendimento de excelência no posto de saúde ou então a certeza de não sermos
assaltados por bandidos armados, ou ainda o conforto do transporte público
padrão FIFA etc. Tanto dinheiro abocanhado do nosso bolso tem também a
finalidade de proporcionar aos nossos filhos uma formação educacional
comparável aos mais avançados sistemas do mundo. Tudo isso é perfeitamente
viável, uma vez que nossa carga tributária se aproxima dos países europeus, os
quais garantem alto padrão de serviços públicos aos seus cidadãos.
Pois
é..!! Somos o avião cargueiro que não suporta carga nenhuma. O nosso super
ultra inchado sistema estatal acabou tendo um fim em si mesmo. Pagamos horrores
de imposto para não ter nada de volta. Praticamente metade de toda a riqueza
produzida no Brasil vai para o governo, que recebe um frango assado e devolve
para a população alguns ossos chupados. A máquina estatal, projetada para
fornecer saúde, segurança, educação, estradas, só tem dinheiro para o próprio
custeio. Isto é, a montanha de dinheiro dos impostos só dá pra pagar o universo
infinito de funcionários e outras despesas, como viagens, mordomias, festas,
prédios suntuosos etc.
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