Doutor Imposto
Publicado no Jornal Maskate dia 17/09/2015 - A012
Em
muitas culturas antigas o imposto era considerado uma penalidade de guerra.
Isto é, pagava imposto aquele que caía diante do oponente mais forte. Os povos
derrotados eram saqueados e escravizados pela fraqueza de homens não
suficientemente competentes para ganhar a guerra. Resumindo, quanto mais fraca
é a pessoa, mais imposto ela paga. E quanto mais rico, mais recursos são
disponibilizados para escapar da tributação. O rico compra deputados,
vereadores, governadores etc. As leis tributárias são, na realidade, escrita
pelos ricos e depois avalizadas pelo legislativo. É tudo um grande teatro.
Prova cabal da concretude desse sistema está no foco da nossa tributação, que é
sempre o consumo, que é sempre o sistema regressivo de tributação. Nossa
tributação sobre consumo é uma das maiores do mundo, enquanto a nossa
tributação sobre os grandes rendimentos é uma das mais baixas do planeta.
Resumindo, quem carrega o país nas costas é justamente o povão que ganha
salário mínimo. Lá, no topo da pirâmide, chove isenções e benefícios fiscais de
todo tipo. Prova disso, é a isenção sobre dividendos.
Acontece
que a sanha arrecadatória começou a encontrar forte resistência junto ao
cidadão cansado dos abusos do governo. E quando o saco estoura, as
consequências podem ser devastadoras. Pois é. A paciência do brasileiro está
por um fio.
É
bom lembrar que a Revolução Francesa foi deflagrada porque o povo não suportava
mais o peso excessivo dos impostos. O rei Luiz XIV costumava dizer o seguinte:
“Quero que o clero reze, que o nobre morra pela pátria e que o povo pague”.
Tanta presepada fez o governante que perdeu a cabeça. Literalmente. Na
realidade, várias pessoas foram guilhotinadas. Nessa mesma época os Estados
Unidos da América se tornaram independentes da Inglaterra após uma guerra
motivada, principalmente, pela escorchante pressão tributária. O cidadão
americano não aguentou tanto imposto, chegando assim às vias de fato. Lá, nos
EUA, a tributação sobre consumo é baixíssima se comparada ao Brasil, além de
inigualavelmente desburocratizada. E lá, nos EUA, quanto mais rica é a pessoa,
mais imposto ela paga – ao contrário do que acontece no Brasil.
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