Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 26 / 09 / 2025 - OP009
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Era
uma vez três reinos que ficavam assentados em três grandes nuvens: o reino
vermelho, o reino amarelo e o reino azul. Os integrantes de uma localidade
podiam avistar ao longe os dois vizinhos, mas não dispunham de tecnologia que permitisse
o deslocamento de uma nação à outra. As pessoas estavam separadas por um
profundo abismo. Cada cidadão era obrigado a contemplar, valorizar e defender a
cor dominante do seu povo. No reino vermelho tudo era vermelho: as roupas, as joias,
as paredes, os tapetes etc. Afinal de contas, o vermelho era lindo. No reino
amarelo, da mesma forma. Os habitantes do reino azul eram ardorosamente
fanáticos pela cor safira. Quando alguém criava um novo tom de azul, logo se
transformava numa celebridade instantânea.
Numa
bela manhã de outono o cientista mais famoso do reino amarelo criou um revolucionário
equipamento de transporte aéreo. Então, logo em seguida ele resolveu fazer um
teste: viajou no protótipo até o reino vermelho. Chegando lá, encontrou uma
bela mulher de lábios saborosamente vermelhos que, obviamente, vestia um
magnífico vestido vermelho. Os dois se apaixonaram de imediato e começaram a
namorar. Uma denúncia anônima levou os agentes da lei a perseguir o casal até
que foram apanhados em flagrante. A mulher foi presa, mas o homem voltou para
casa levando consigo uma rosa vermelha que recebeu da sua amada. Na sequência
do regresso, o cientista apresentou sua criação às autoridades que de imediato
prepararam uma grande cerimônia para comemorar tão importante conquista. Eis
que ao receber a premiação o inventor exibiu a rosa vermelha para a plateia. O
gesto chocou a todos. Por conta de tamanha heresia o desventurado foi do céu ao
inferno em poucos minutos, sendo recolhido de pronto a uma penitenciária de
segurança máxima.
Com
a tecnologia de transporte dominada, um imenso contingente de soldados amarelos
partiu para a conquista do reino vermelho. Mal sabiam eles que o reino azul
estava fazendo a mesma coisa. Ou seja, o reino vermelho estava sendo
simultaneamente atacado pelos dois vizinhos. Cada grupamento desembarcou no
terreno inimigo armado até os dentes com pincéis e latas de tinta. O objetivo
era modificar a cor de tudo que fosse encontrado pela frente. Os bravos
soldados vermelhos resistiram heroicamente. Em meio a tantos jatos de tinta
aconteceu um fenômeno inusitado, que foi a explosão de belíssimas outras cores
desconhecidas dos presentes até então. Por isso, todos pararam e ficaram
encantados com o que viram. Os combatentes nunca poderiam imaginar que o
trabalho conjunto poderia resultar em possibilidades tão diversificadas. Ou
seja, em vez de passar a vida inteira presos numa vida monocromática, eles
agora poderiam interagir e trocar experiências para conferir mais alegria e
enriquecimento às suas atividades diárias. Desse dia em diante os reinos
passaram a ser multicoloridos.
Essa
história mostra como as pessoas tendem a se fechar em grupos herméticos. Nas
empresas, constroem os famosos setores estanque, onde proliferam rivalidades e
hostilidades entre colegas de trabalho. Até a comunicação entre indivíduos de
grupos rivais tende ser meramente protocolar e limitada, concorrendo assim para
o isolamento dos funcionários. Cada grupo faz um imenso esforço para ser mais
importante que o outro. Nessa disputa, diversas armas são utilizadas e cada
conquista é comemorada, gerando um clima de desavenças. A rivalidade mais comum
acontece entre o pessoal da administração e o da produção. Geralmente, os
funcionários da administração são os queridinhos da diretoria, enquanto que os
empregados da produção ficam meio que esquecidos em galpões imensos, quentes e
barulhentos.
A rivalidade entre setores só enfraquece a empresa, que, de alguma forma ou em algum momento acaba prejudicando a todos. A maioria desconhece as infinitas possibilidades de crescimento profissional e de melhoria do ambiente de trabalho caso resolvesse se comportar como um único grupo coeso. Curta e siga @doutorimposto. Outras centenas de artigos estão disponíveis no site www.next.cnt.br como também, informações sobre treinamentos online e presencial.
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