Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 02/01/2016 - A238
A
Festa Color, estabelecida no centro comercial de Belém/PA, está comemorando o
espetacular resultado das suas operações nesse ano de 2015, sendo que a
expectativa para 2016 é melhor ainda. E o fato mais curioso dessa história é
que a empresa conquistou esse sucesso sem caixa dois. O diretor da empresa,
senhor Fredy Abi Jumaa, descobriu há muitos anos que o melhor caminho a seguir
era o da legalidade. Seus amigos e conselheiros fizeram de tudo para
dissuadi-lo da empreitada legalista, afirmando que pagar 100% dos impostos seria
suicídio. O cerne da questão não era tanto pagar mais tributos e sim,
profissionalizar o negócio e apostar todas as fichas em modernas e eficientes
ferramentas de gestão. A sonegação, portanto, se apresentou como um entrave ao
projeto, uma vez que organização e sonegação não se coadunam. O diretor da
empresa teve que fazer uma escolha arriscada. Apostou e venceu.
Na
Festa Color foram desenvolvidas excepcionais ferramentas de gestão empresarial.
Tanto, que diversos consultores ficaram espantados com a excelência alcançada
por uma empresa de médio porte. A necessidade obrigou o senhor Fredy a se
transformar num Contador, num Tributarista, num especialista em TI, num
Advogado, num tudo. Importante ressaltar que o modelo de gestão vencedor foi
construído a quatro mãos. Entra em cena a Contadora Antonete Osório, que além
disso, é Gerente Comercial, Administradora de Recursos Humanos, Tributarista e
uma fera no SPED. E ainda tem um gênio agressivo e conciliador. A Festa Color
se transformou num fenômeno porque fez a lição de casa. Parte substancial do
sucesso da empresa se deve à aplicação de procedimentos administrativos óbvios
e notórios, desenvolvidos com militar disciplina e profissionalismo. Por isso é
que, enquanto a loja está cheia de clientes, os vizinhos amargam decepções e
prejuízos.
2016
se aproxima carregado de elementos ruins que os especialistas rotulam de
tempestade perfeita. O coquetel explosivo (juros altos com inflação galopante,
desemprego e grave crise política) está freando a economia do país e
desorientando as ações de empresários e de investidores. O pior é que a raiz de
todo o mal continua ganhando corpo e avançando sobre a nossa estrutura
econômica, quebrando pisos e rachando paredes. A guerra entre Executivo e
Legislativo está arrastando o Judiciário para o campo de batalha. Por sua vez,
detentores do poder resolveram abandonar o senso de responsabilidade e partir
para uma disputa pessoal escarnecedora – um autêntico vale-tudo. Consequentemente,
a ética e a compostura foram jogadas na lama, como tudo o mais.
Essa
provável tempestade vai testar a nossa competência e a nossa força. Tantas
dificuldades poderão nos tirar da zona de conforto ou nos fazer pensar fora da
caixinha. A crise é acima de tudo um desequilíbrio do fluxo vital que move a
economia. As pessoas continuarão comendo, morando, estudando, viajando, embora
com menos intensidade. Daí, que a conquista de clientes será mais trabalhosa,
uma vez que eles ficarão mais seletivos. Trabalhoso será também administrar
juros, impostos, funcionários e parceiros de negócios – a necessidade vai fazer
o sapo pular. O empresariado se verá obrigado a dar um salto tecnológico acima
da média observada nos últimos anos, uma vez que as pressões fiscais,
mercadológicas, tecnológicas etc., serão ampliadas e intensificadas. Está na
ordem do dia, portanto, redesenho do negócio e reavaliação das estratégias
empresariais.
Com
o setor público destroçado por duzentos mil eventos esculhambatórios, é
possível que dessa vez o povo brasileiro resolva sair da inércia e do
comodismo. O universo público e o privado precisam, finalmente, se conectar um
ao outro. Isto é, a coisa está tão crítica que não podemos permanecer na posição
de espectador indiferente. A urgência nos convoca a participar da política e de
tudo que se refere ao universo público. A responsabilidade pela coisa pública é
de todos nós e, portanto, cabe a cada brasileiro a missão de zelar pela
moralidade no ambiente público com monitoramento, cobrança e participação ativa
junto às ações de governadores, prefeitos, vereadores, deputados etc. Nesse
momento o país agoniza numa morte lenta e dolorosa das nossas instituições em
geral. Cabe então a cada cidadão honesto a responsabilidade de salvar o Brasil
dos pilantras, dos corruptos, dos incompetentes etc.
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