segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A TEMPESTADE ENSINA A NAVEGAR


Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 02/01/2016 - A238

A Festa Color, estabelecida no centro comercial de Belém/PA, está comemorando o espetacular resultado das suas operações nesse ano de 2015, sendo que a expectativa para 2016 é melhor ainda. E o fato mais curioso dessa história é que a empresa conquistou esse sucesso sem caixa dois. O diretor da empresa, senhor Fredy Abi Jumaa, descobriu há muitos anos que o melhor caminho a seguir era o da legalidade. Seus amigos e conselheiros fizeram de tudo para dissuadi-lo da empreitada legalista, afirmando que pagar 100% dos impostos seria suicídio. O cerne da questão não era tanto pagar mais tributos e sim, profissionalizar o negócio e apostar todas as fichas em modernas e eficientes ferramentas de gestão. A sonegação, portanto, se apresentou como um entrave ao projeto, uma vez que organização e sonegação não se coadunam. O diretor da empresa teve que fazer uma escolha arriscada. Apostou e venceu.

Na Festa Color foram desenvolvidas excepcionais ferramentas de gestão empresarial. Tanto, que diversos consultores ficaram espantados com a excelência alcançada por uma empresa de médio porte. A necessidade obrigou o senhor Fredy a se transformar num Contador, num Tributarista, num especialista em TI, num Advogado, num tudo. Importante ressaltar que o modelo de gestão vencedor foi construído a quatro mãos. Entra em cena a Contadora Antonete Osório, que além disso, é Gerente Comercial, Administradora de Recursos Humanos, Tributarista e uma fera no SPED. E ainda tem um gênio agressivo e conciliador. A Festa Color se transformou num fenômeno porque fez a lição de casa. Parte substancial do sucesso da empresa se deve à aplicação de procedimentos administrativos óbvios e notórios, desenvolvidos com militar disciplina e profissionalismo. Por isso é que, enquanto a loja está cheia de clientes, os vizinhos amargam decepções e prejuízos.

2016 se aproxima carregado de elementos ruins que os especialistas rotulam de tempestade perfeita. O coquetel explosivo (juros altos com inflação galopante, desemprego e grave crise política) está freando a economia do país e desorientando as ações de empresários e de investidores. O pior é que a raiz de todo o mal continua ganhando corpo e avançando sobre a nossa estrutura econômica, quebrando pisos e rachando paredes. A guerra entre Executivo e Legislativo está arrastando o Judiciário para o campo de batalha. Por sua vez, detentores do poder resolveram abandonar o senso de responsabilidade e partir para uma disputa pessoal escarnecedora – um autêntico vale-tudo. Consequentemente, a ética e a compostura foram jogadas na lama, como tudo o mais.

Essa provável tempestade vai testar a nossa competência e a nossa força. Tantas dificuldades poderão nos tirar da zona de conforto ou nos fazer pensar fora da caixinha. A crise é acima de tudo um desequilíbrio do fluxo vital que move a economia. As pessoas continuarão comendo, morando, estudando, viajando, embora com menos intensidade. Daí, que a conquista de clientes será mais trabalhosa, uma vez que eles ficarão mais seletivos. Trabalhoso será também administrar juros, impostos, funcionários e parceiros de negócios – a necessidade vai fazer o sapo pular. O empresariado se verá obrigado a dar um salto tecnológico acima da média observada nos últimos anos, uma vez que as pressões fiscais, mercadológicas, tecnológicas etc., serão ampliadas e intensificadas. Está na ordem do dia, portanto, redesenho do negócio e reavaliação das estratégias empresariais.

Com o setor público destroçado por duzentos mil eventos esculhambatórios, é possível que dessa vez o povo brasileiro resolva sair da inércia e do comodismo. O universo público e o privado precisam, finalmente, se conectar um ao outro. Isto é, a coisa está tão crítica que não podemos permanecer na posição de espectador indiferente. A urgência nos convoca a participar da política e de tudo que se refere ao universo público. A responsabilidade pela coisa pública é de todos nós e, portanto, cabe a cada brasileiro a missão de zelar pela moralidade no ambiente público com monitoramento, cobrança e participação ativa junto às ações de governadores, prefeitos, vereadores, deputados etc. Nesse momento o país agoniza numa morte lenta e dolorosa das nossas instituições em geral. Cabe então a cada cidadão honesto a responsabilidade de salvar o Brasil dos pilantras, dos corruptos, dos incompetentes etc.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua mensagem será publicada assim que for liberada. Grato.