Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 26 / 11 / 2019 - A382
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Cerca de dez anos atrás houve um período que foi marcado pelo intenso consumo de automóveis e de produtos da linha branca. O motivo de tanta efervescência estava na redução drástica do IPI, chegando, em alguns casos, à isenção. Curiosamente, o impacto nos preços por conta de tais medidas não foi tão grandioso. Mesmo assim, o consumidor foi às compras para aproveitar as vantagens que tinham prazo para acabar, evidenciando um quadro de forte demanda reprimida no seio da população. Os lares ficaram cheios de alegria pela oportunidade de consumir objetos novos com preço reduzido. Por outro lado, as fábricas intensificaram a produção com forte geração de emprego e de outros tributos não desonerados. O comércio vendeu mais e outros agentes econômicos foram beneficiados. Talvez seja esse um dos motivos de tanta gente ainda venerar o governo da época.
Cerca de dez anos atrás houve um período que foi marcado pelo intenso consumo de automóveis e de produtos da linha branca. O motivo de tanta efervescência estava na redução drástica do IPI, chegando, em alguns casos, à isenção. Curiosamente, o impacto nos preços por conta de tais medidas não foi tão grandioso. Mesmo assim, o consumidor foi às compras para aproveitar as vantagens que tinham prazo para acabar, evidenciando um quadro de forte demanda reprimida no seio da população. Os lares ficaram cheios de alegria pela oportunidade de consumir objetos novos com preço reduzido. Por outro lado, as fábricas intensificaram a produção com forte geração de emprego e de outros tributos não desonerados. O comércio vendeu mais e outros agentes econômicos foram beneficiados. Talvez seja esse um dos motivos de tanta gente ainda venerar o governo da época.
O
Brasil possui uma massa empobrecida pelos impostos, onde o cidadão consome
muito aquém dos seus desejos ou das suas necessidades fundamentais. O
brasileiro comum é aquela pessoa que namora um produto na vitrine e depois
volta pra casa com o sentimento de incapacidade, como se fosse um excluído
social. O objeto do desejo é geralmente uma coisa simplória que qualquer
cidadão norte americano compra no seu país sem nenhum esforço. Já, no Brasil,
tudo é muito, muito, muito caro. Por obra e graça da internet meio mundo de
brasileiros antenados já conseguem enxergar o ambiente doentio em que vivemos
quando comparam os nossos preços com os praticados nos EUA. Daí, que muita
gente arrisca tudo para viver o sonho americano, que se traduz no poder de comprar
coisas inacessíveis no Brasil. O motivo central de comparações absurdamente
discrepantes está nos impostos sobre consumo, que no Brasil é insano e
escandaloso enquanto que o baixíssimo imposto americano fomenta o consumo
desenfreado das famílias que dinamiza a indústria, o comércio, o emprego e o
desenvolvimento da maior economia do planeta.
Alguns
estudiosos afirmam que o percentual de 50% é a fronteira do confisco. Isto é,
qualquer carga que ultrapasse esse limite pode ser considerada um ataque
confiscatório. Por aqui, a carga de impostos no perfume importado é de 400%. Já,
no videogame é de 257% e no refrigerante, 82% (fonte IBPT). Esses percentuais
são “por fora” e não “por dentro”, que é a metodologia exigida pelo governo
brasileiro. Os EUA não tributam alimentos porque consideram um sacrilégio. Além
disso, a maior carga é a do Tennessee (9,45%); no Alaska é de 1,27% e quatro
estados americanos cobram zero por cento de impostos sobre consumo. É bom
lembrar que a providência inicial dos revolucionários franceses após queda da
bastilha foi justamente acabar com impostos sobre alimentos.
O
Brasil nunca vai se tornar um país desenvolvido se a sua principal fonte de
arrecadação permanecer no consumo. Não há como um país crescer com uma
população empobrecida pela alta carga de impostos sobre consumo e sobre
salários. Ou seja, por aqui, temos pouca renda para produtos caros, enquanto que
nos EUA é alta renda para produtos baratos.
Interessante,
é que os grandes conglomerados empresariais e as pessoas mais ricas do Brasil
insistem na ideia de continuar pagando pouquíssimo imposto de renda. Um estudo
da Professora Maria Helena Zockun aponta que os mais altos rendimentos do Brasil
são tributados com alíquota efetiva de apenas 7% (IR). Essa nobreza
aristocrática faz uma pressão tremenda nos agentes públicos para que se
mantenha fortalecido o atual modelo regressivo, o que é um contrassenso, já que
pretendem aumentar as vendas. Várias autoridades já declararam oficialmente não
ser possível mexer no imposto de renda, evidenciando assim uma incansável busca
pelo Santo Graal que revele a mágica fórmula do desenvolvimento econômico
baseado na tributação do consumo. Resumo da ópera bufa: As autoridades insistem
na ideia duma sociedade capaz de consumir muito com pouco dinheiro. Muita gente
acredita que o caminho para esse milagre desenvolvimentista esteja na taxação
sobre movimentação financeira.
O
Tributarista Ernani Medicis afirma que “o tributo não pode ser antieconômico;
vale dizer, não pode inviabilizar o desenvolvimento de atividades econômicas geradoras
de riqueza, ou promotoras da circulação desta”. Em outras palavras, não há
outra saída que não seja copiar o modelo americano e de outros países
desenvolvidos, que se traduz na forte tributação dos altos rendimentos que
possa permitir a dinamização do consumo das famílias. Curta e siga
@doutorimposto
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